George Clooney anuncia boicote a hotéis de luxo, contra as leis anti-gay do Brunei

Ao actor norte-americano juntam-se outras figuras como Elton John e Ellen DeGeneres. Protestam a lei que proíbe sexo entre homosexuais e adultério, sob pena de apedrejamento até à morte, no Brunei

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LUSA/ETTORE FERRARI

Entrou esta semana em vigor no Brunei a lei que proíbe sexo entre homossexuais e adultério, sob pena de apedrejamento até à morte. Como forma de protesto, George Clooney publicou uma carta aberta no site Deadline, apelando a um boicote aos hotéis da cadeia Dorchester Collection, que é controlada pelo Brunei Investment Agency, cujo dono é o sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah. São ao todo nove hotéis, entre eles o icónico Beverly Hills Hotel — um local favorito das estrelas de Hollywood.

“Cada vez que ficamos alojados, temos reuniões ou jantamos em algum destes nove hotéis estamos a pôr dinheiro directamente nos bolsos de homens que apedrejam ou chicoteiam os seus próprios cidadãos por serem gays ou por serem acusados de adultério”, escreveu o actor.

A este juntaram-se outros nomes como o cantor Elton John e a apresentadora de televisão Ellen DeGeneres. Ambos partilharam nas redes sociais a lista dos nove hotéis. “O Brunei vai começar a apedrejar pessoas gay até à morte. Precisamos de fazer alguma coisa agora. Por favor, boicotem estes hotéis do sultão do Brunei”, escreveu DeGeneres no Twitter. “Falem mais alto. Passem a palavra. Levantem-se”, acrescentou.

Já em 2014, quando o Brunei adoptou um novo código penal com base numa interpretação ultraconservadora e rígida da sharia — o sistema islâmico que impõe castigos corporais —, uma série de celebridades ameaçaram um boicote ao mesmo grupo hoteleiro. A cidade de Beverly Hills chegou a aprovar uma resolução para incitar o sultão a vender o Beverly Hills Hotel, escreve o Los Angeles Times. No entanto, como os apedrejamentos não chegaram a ser postos em prática (até agora), o tema acabou por cair no esquecimento.

Dentro do coro de vozes liberais que agora se insurgem contra o sultão, nem toda a gente concorda com a atitude de Clooney. O comediante Bill Maher, por exemplo, considera, como disse no seu programa de televisão (Real Time With Bill Maher), uma forma de “tokenismo” — ou seja, uma acção tomada apenas para dar a aparência de que se está preocupado com uma causa. “E em relação à Arábia Saudita? Se queres mesmo vingar-te deles, pára de conduzir. Não uses petróleo. A ideia de que o sultão do Brunei anda à volta dos recibos a pensar ‘oh não, só vendemos duas sopas hoje!’”, comentou, citado pelo mesmo jornal.

No texto que publicou na semana passada, Clooney reconhece que, atendendo ao facto de que o Brunei é uma monarquia, “Qualquer boicote teria um efeito mínimo em mudar estas leis”. Mas acrescenta: “Vamos mesmo ajudar a pagar por estas violações dos direitos humanos? Vamos mesmo ajudar a financiar a morte de cidadãos inocentes? Aprendi, ao longo de anos a lidar com regimes assassinos, que não os consegues envergonhar. Mas consegues envergonhar os bancos, os financiadores e as instituições que fazem negócios com eles.”

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