Portugueses faltaram em média seis dias ao trabalho

Se não fossem os cuidados de saúde prestados pelo Serviço Nacional de Saúde, os portugueses teriam faltado mais 2,4 dias. Evitou-se uma perda de salários de cerca de 900 mil euros.

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PAULO PIMENTA

Os portugueses faltaram, em média, seis dias ao trabalho em 2018 por motivos de saúde. Mas o resultado seria pior se não fossem os cuidados prestados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), concluem os dados do Índice de Saúde Sustentável apresentado esta terça-feira em Lisboa.

“Nos últimos 12 meses, quantos dias faltou ao trabalho por motivos relacionados com a sua saúde e/ou dos seus familiares?” quis saber a Nova Information Management School (Nova-IMS). O trabalho teve por base entrevistas realizadas em Fevereiro deste ano, por telefone, a 508 pessoas com 18 ou mais anos, residentes em Portugal.

“Estimamos que mais de metade dos utilizadores do SNS faltou menos um dia”, apontou Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo. Segundo os dados, cerca de 29% faltou seis ou mais dias. A média, no ano, deu perto de seis dias (5,9) de ausência. Mas teria sido de 8,3, se não fossem os cuidados prestados pelo SNS.

Em termos financeiros, “o impacto do SNS foi na ordem dos 900 mil euros” ao evitar que os portugueses faltassem 2,4 dias e com isso perdessem salário. Mas os efeitos positivos dos cuidados não ficam por aqui. “O SNS permitiu melhorar a produtividade no equivalente a 6,8 dias. O impacto foi equivalente a 2,5 mil milhões de euros”, referiu o coordenador.

No total, somando o valor poupado em perdas salariais, quer por via do absentismo como da produtividade, o impacto económico do SNS traduziu-se em 3,4 mil milhões de euros. Mas o seu efeito global é maior quando se avalia a produtividade da organização. O SNS ajudou a que não se perdessem 5,1 mil milhões de euros, o que representa “cerca de metade do investimento que é feito no Serviço Nacional de Saúde”.

O valor dos profissionais

Segundo o estudo, o valor do índice de sustentabilidade baixou em 2018 de 103.0 para 100.7 pontos. O responsável explicou que a sustentabilidade é “quando o sistema é capaz de responder à procura com qualidade, ter despesa equilibrada em função da actividade e não transfere de forma sistemática despesa para entidades externas”.

Apesar da descida, Pedro Simões Coelho destacou aspectos positivo como o aumento da actividade do SNS em mais 2,5%, a redução da dívida e qualidade do SNS percepcionada pelos seus utilizadores.

No indicador relacionado com a qualidade, foram os profissionais que somaram a nota mais alta: 78,3 pontos numa escala de zero a 100. Valor que o coordenador descreveu como “impressionantemente alto” e como “o principal ponto forte do sistema”.

Entre os seis itens avaliados, o segundo lugar foi ocupado pela qualidade de informação fornecida pelos profissionais (76,3 pontos) e o terceiro com as infra-estruturas e equipamentos dos locais onde foram prestados os cuidados. “Com notas menos positivas” estão os tempos de espera e a acessibilidade”, com 54 e 59 pontos respectivamente.

“Um dos indicadores principais que já estava a ser exposto é o da vantagem, da mais-valia que existe no investimento em saúde para a população em geral. Ainda que o indicador consolidado demonstre uma ligeira queda face a anos anteriores, essa ligeira queda decorre de um menor equilíbrio naquilo que é a condição de investimento no SNS e a produtividade retirada do SNS. É algo para o qual temos de olhar com atenção”, referiu a ministra da Saúde, que esteva na apresentação dos dados.

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