Comissão de Ambiente preocupada com prolongamento de Almaraz além dos 40 anos

Deputados visitam as regiões nas margens do Tejo durante dois dias para avaliar o cumprimento de medidas de despoluição e ordenamento do rio e perceber que problemas ainda estão por resolver.

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A celulose em Vila Velha de Ródão foi alvo de polémica por causa das descargas para o rio. Ricardo Lopes

O presidente da comissão parlamentar de Ambiente está preocupado com o facto de as empresas eléctricas espanholas proprietárias da central nuclear de Almaraz terem “acordado prolongar a sua operação para além dos 40 anos”. “Isso é um risco enorme para o rio Tejo e para toda esta região”, apontou Pedro Soares durante uma visita a Vila Velha de Ródão.

A Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação deslocou-se a Castelo Branco e Vila Velha de Ródão, onde iniciou uma visita de dois dias a municípios situados ao longo do rio Tejo. Pedro Soares explicou que, ao longo destes três anos e meio de legislatura, a comissão tem feito um “grande esforço” no sentido de alertar a opinião pública, de mobilizar as autarquias, os responsáveis da administração central e os ambientalistas para os problemas que afectam o rio Tejo.

“O nosso foco principal é o rio Tejo, que tem estado a ser utilizado como um recurso e, de facto, cada vez mais, tem que ser encarado como um sistema ambiental e ecológico que tem que ser preservado”, sustentou.

Adiantou que a visita tem ainda como objectivo fazer um balanço da evolução que houve em relação ao rio Tejo nos últimos anos. “Houve alguns aspectos positivos. Aquilo que se passou com as celuloses e a despoluição, a retirada das lamas do rio, foi muito positivo. Foi um avanço muito significativo”, sublinhou.

Contudo, alertou também para o surgimento de outros problemas que afectam o rio Tejo, como o avanço da cunha salina que prejudica as actividades agrícolas ou os problemas relacionados com os caudais ecológicos e com os caudais mínimos, que se agudizam com a seca.

“O rio Tejo é uma preocupação constante e tem que ser encarado com uma preocupação constante. Estes problemas são uma questão central para esta comissão do ambiente”, sublinhou. Pedro Soares realçou ainda que a lei-quadro da água e a directiva europeia sobre a água previam que, até 2015, Portugal devia ter as suas massas de água de boa qualidade.

“Esse objectivo teve que ser prolongado para 2027, o que significa que as nossas massas de água não estão em condições e continuam a sofrer uma pressão enorme de poluição e de utilização desadequada”, concluiu.

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