Saída suave, eleições antecipadas... à espera que do caos nasça a luz no “Brexit”

Na segunda-feira, o Parlamento vai votar outra vez para tentar escolher um caminho para o "Brexit". Mas a indecisão continua a ser o mote em Londres.

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Dado Ruvic/Ilustração/REUTERS

A saída do Reino Unido da União Europeia está em total desalinho, com a primeira-ministra Theresa May a ser pressionada por todas as facções do seu partido para escolher a via que preferem: sair sem acordo, convocar eleições antecipadas – ou nem sonhar em fazê-lo, para outros –, ou optar por um divórcio em versão soft. ​Mas o Parlamento terá de aprovar a opção a seguir, em mais uma votação ao fim do dia desta segunda-feira.

A autoridade da primeira-ministra está em cacos. Vários ministros do seu Governo, que preparam a sua própria candidatura à sucessão de May na liderança do Partido Conservador, lançaram avisos neste fim-de-semana de que haverá forte oposição se ela tentar convocar eleições antecipadas para tentar quebrar o impasse, como foi sugerido. Essa possibilidade irritou tanto conservadores favoráveis ao “Brexit” como adeptos da permanência na UE, diz o Guardian.

Theresa May ainda planeia ver aprovado o acordo que assinou com a União Europeia para a saída do Reino Unido – embora tenha sido rejeitado pela terceira vez na sexta-feira. Alguns ministros, adeptos de uma saída suave (“soft Brexit”), como o da Justiça, David Gauke, pretendem votar por essa opção nesta segunda-feira – na semana passada, o Governo foi forçado a abster-se quando esta emenda foi votada.

“Não há escolhas ideais, e há muitos argumentos bons contra todas as hipóteses possíveis, mas temos de fazer alguma coisa”, disse o ministro Gauke à BBC, que no referendo de 2016 votou pela permanência do Reino Unido na UE.

Mas muitos no partido de Theresa May já perderam a paciência. O jornal The Sun diz que 170 dos 317 deputados conservadores assinaram uma carta dirigida à primeira-ministra, exigindo que o “Brexit” aconteça nos próximos meses, com ou sem acordo. Mas não há nenhuma maioria clara no Parlamento de Londres sobre o caminho a tomar – daí a especulação sobre a possibilidade de convocar eleições. Mas mesmo que os conservadores aceitassem submeter-se ao julgamento dos eleitores nesta fase, dificilmente acatariam a liderança de Theresa May.

Já os Trabalhistas acolhem de bom grado a ideia de convocar eleições antecipadas, e dizem que podem tentar outra vez uma moção de censura a May. O vice-líder do Labour, Tom Labour, escreveu um artigo de opinião no Guardian em que defende que só o plano do seu partido para convocar eleições pode “sarar” as divisões do país.

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