Hospitais começam a avaliar risco de desnutrição dos doentes internados

Medida avança, numa primeira fase, em Abril, em duas unidades hospitalares. No segundo semestre deverá ser alargada a todos os hospitais, passando a abranger 800 mil doentes por ano.

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Rui Gaudêncio

A avaliação do estado nutricional dos doentes internados nos hospitais vai finalmente avançar a partir de Abril, primeiro com dois projectos-piloto e, a partir do segundo semestre, em todas as unidades hospitalares, anunciou esta quinta-feira o Ministério da Saúde.

O problema da desnutrição dos doentes internados nos hospitais está identificado há muito tempo e a avaliação sistemática e precoce dos pacientes desnutridos ou em risco de desnutrição é uma reivindicação antiga dos especialistas nesta área.

Agora, estão finalmente reunidas as condições para a medida avançar. Mas, numa primeira fase, a avaliação arranca no final de Abril apenas na Unidade Local de Saúde do Alto Minho e no Centro Hospitalar de Lisboa Central. Mais tarde, no segundo semestre, será alargada aos restantes hospitais e “tem potencial para envolver cerca de 800 mil doentes por ano”, segundo afirma o ministério em comunicado.

A percentagem de doentes que chegam aos hospitais em risco de desnutrição e já desnutridos é muito elevada (mais de 40%), de acordo com estudos realizados em Portugal e a tutela estima que só a prevalência da desnutrição em doentes internados se situe entre 20% e 50%.

Sublinhando que a identificação precoce destas situações é “extremamente importante”, a directora do Programa Nacional para a Alimentação Saudável da Direcção-Geral da Saúde, Maria João Gregório, explicou à Lusa que a desnutrição “está associada a piores resultados de doença e do tratamento”, além de “internamentos mais longos, com pior recuperação dos doentes e com impacto na qualidade de vida”. E, enfatizou, “tudo isto também acarreta custos”.

O objectivo da avaliação do estado nutricional dos doentes é identificar precocemente os casos problemáticos de maneira a que estes possam ter um plano ajustado às suas necessidades e melhorar o seu estado nutricional.

“A identificação precoce do risco nutricional irá trazer ganhos em termos de qualidade de vida e na recuperação do estado de saúde, podendo ainda contribuir para reduzir úlceras de pressão e reduzir custos, uma vez que a desnutrição está associada a internamentos mais longos, afectando sobretudo cidadãos mais idosos”, sintetizou o ministério.

Mas a ferramenta de avaliação sistemática do risco nutricional vai ser instalada de forma faseada nos hospitais. Até ao final de Abril, a experiência será testada nas duas unidades hospitalares escolhidas para o arranque do projecto e será avaliada por uma comissão de acompanhamento que, apresentará conclusões até ao final de Julho, “tendo em vista o alargamento aos restantes hospitais”. Mas falta ainda concluir a adaptação da plataforma informática do Sistema Clínico hospitalar para a integração desta ferramenta.

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