Ministra assume que deve falhar meta de dar médico de família a todos os portugueses

Há perto de 600 mil portugueses ainda sem médico de família.

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Perto de 600 mil portugueses continuam sem médico de família fernando veludo

A ministra da Saúde assumiu nesta quarta-feira que não deverá ser possível cumprir a meta do Governo de ter todos os portugueses com médico de família atribuído até ao final da legislatura.

Na audição parlamentar de Saúde, na Assembleia da República, a ministra Marta Temido reconheceu que, para cumprir esse objectivo, seria necessário que todos os inscritos para exame final de especialidade de medicina geral e familiar ficassem retidos no Serviço Nacional de Saúde e ainda que não houvesse aposentações de médicos.

“São duas circunstâncias que provavelmente não se concretizarão, mas estamos cada vez mais próximos da meta que fixámos (…). A meta de 100% de cobertura poderá não se conseguir realizar até ao fim da legislatura”, afirmou a ministra no final da comissão em declarações aos jornalistas.

Actualmente, segundo dados oficiais, há perto de 600 mil portugueses ainda sem médico de família.

Segundo números apresentados hoje por deputados do PSD, o anterior Governo conseguiu passar de 1,8 milhões de portugueses sem médico de família atribuído para um milhão, sendo este o número de utentes sem médico no início da actual legislatura.

A ministra Marta Temido recordou ao PSD que a atribuição de médicos de família a mais portugueses durante o anterior Governo se ficou a dever, em grande medida, ao aumento dos utentes nas listas de cada médico, passando de 1550 para cerca de 1900.

Sobre os concursos médicos que ficam com vagas por preencher, a ministra revelou ainda que há profissionais que preferem a modalidade de contratos de prestação de serviço.

“As preferências individuais são algo que não controlamos. Não me parece que haja nenhum anátema em reconhecer que há preferências individuais”, afirmou Marta Temido aos jornalistas, depois de ter deixado a mesma ideia na comissão parlamentar de Saúde.

A ministra referiu que ainda se regista um crescimento do recurso à prestação de serviços médicos, adiantando que o Ministério “não pode deixar de reconhecer que há opções individuais [dos médicos] que vão no sentido” de manter as prestações de serviço.

Sobre as razões para essa opção, Marta Temido entende que cada caso deverá ter uma justificação concreta, mas assume que as prestações de serviço possam ser mais atractivas em termos financeiros ou dar maior liberdade de organização da vida pessoal.

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