Movimento de Miguel Morgado atrai figuras de peso do CDS-PP

Dirigentes centristas recusam qualquer incompatibilidade em integrar a iniciativa de reflexão de um potencial candidato à liderança do PSD.

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Ana Rita Bessa e Cecília Meireles são duas dirigentes próximas da líder do CDS-PP. Assunção Cristas mrh Martin Henrik

Três dirigentes nacionais do CDS-PP aceitaram fazer parte do movimento lançado por Miguel Morgado, deputado e antigo adjunto de Passos Coelho, que já admitiu vir a ser candidato à liderança do PSD. Cecília Meireles, vice-presidente do CDS-PP, João Almeida, porta-voz, e Ana Rita Bessa, membro da comissão executiva de Assunção Cristas, recusam ver o movimento 5.7 como uma plataforma de lançamento de uma futura candidatura à liderança dos sociais-democratas. A iniciativa atraiu também pessoas ligadas a partidos novos, além de sociais-democratas e independentes.

Lançado como um espaço de reflexão à direita, o movimento de Miguel Morgado tem um peso considerável de dirigentes, militantes e simpatizantes do CDS-PP entre os seus mais de cem fundadores.

Cecília Meireles, em declarações ao PÚBLICO, recusa associar a iniciativa do deputado do PSD a uma futura candidatura à liderança daquele partido: “Eu se o visse, ou se me passasse tal coisa pela cabeça, naturalmente não integraria”. A vice-presidente do CDS-PP considera que o movimento não é do foro partidário e que “faz sentido reflectir” sobre como se pode formar uma maioria de poder alternativa à actual. “Este é um espaço de reflexão ideológica num espaço de direita democrática. Ora eu sou uma pessoa de direita democrática”, diz. Na mesma linha, Ana Rita Bessa rejeita associar a iniciativa a uma disputa eleitoral interna do PSD: “Não compro esse pressuposto. Não me ocupa nem é esse o espírito com que o movimento é criado. Nem é o espírito com que eu me insiro no movimento”. O porta-voz do CDS concorda com as suas pares da direcção do partido: “Não vejo as coisas assim. Estou no movimento por identificação ideológica e concordância com os seus propósitos”, declara João Almeida.

Miguel Morgado já ponderou ser candidato à liderança do PSD, em Janeiro último, quando Luís Montenegro desafiou a liderança de Rui Rio, mas recusa a ideia de que o movimento seja uma rampa de lançamento para uma futura candidatura. “Não é. Sempre tive a preocupação de reflexão no espaço à direita”. Questionado sobre o peso do CDS e uma presença mais leve de sociais-democratas no seu movimento, Miguel Morgado assume que a mensagem sobre o teor da iniciativa ainda não passou. “Ainda não deve ser tão claro para as pessoas do meu partido a natureza do movimento”, disse.

Há outras figuras do CDS-PP entre os fundadores, como Pedro Pestana Bastos, que já foi da comissão política de Paulo Portas e de Assunção Cristas, Isabel Menéres Campos, líder da concelhia do Porto, bem como a deputada municipal de Lisboa Margarida Bentes Penedo e António Pedro Barreiro, membro da Juventude Popular. Fazem parte ainda Francisco Mendes da Silva, do conselho nacional; Graça Canto Moniz, do gabinete de estudos; e Michael Seufert, ex-líder da Juventude Popular; além de outros elementos que pertenceram à corrente interna Alternativa e Responsabilidade.

Entre os sociais-democratas contam-se os deputados Ângela Guerra e Carlos Abreu Amorim, o antigo parlamentar e governante Carlos Costa Neves, assim como Bruno Maçães, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, e Pedro Lomba, ex-secretário de Estado do ministro Miguel Poiares Maduro, ambos do Governo de Passos Coelho. Integram ainda o movimento o empresário Alexandre Relvas e António Nogueira Leite, administrador de empresas.

O manifesto do movimento 5.7 (referente ao dia em que é assinada a Aliança Democrática, 5 de Julho de 1979) é apresentado neste sábado, em Lisboa.

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