TAP apaga todas as referências ao destino Caracas no seu site

Na segunda-feira a capital venezuelana era apresentada no site da companhia como um “destino perfeito”. Nesta terça-feira todas as referências positivas deram lugar a uma página em branco.

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Filipe Ribeiro

A TAP apagou todas as referências que tinha no seu site ao destino Caracas, para onde a companhia opera duas vezes por semana. Nesta terça-feira o PÚBLICO noticiou que a companhia aérea portuguesa tinha cancelado o voo de hoje para a capital da Venezuela por questões de segurança, mas mantinha na sua página oficial na Internet referências positivas ao destino, ignorando quase por completo o clima de violência e caos que se vive na cidade sul-americana.

Onde na segunda-feira a TAP promovia as suas viagens para Caracas como um “destino perfeito para os turistas citadinos que preferem o ritmo urbano e também para os aventureiros que optam pelo lado selvagem”, nesta terça-feira aparece uma página em branco. Todos os textos foram apagados

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Na segunda-feira a TAP continuava a promover o destino Caracas com várias referências positivas. Esta terça-feira, a página surgia em branco (clique para aumentar)

“Próxima de boas praias, a capital da Venezuela tem muita da cultura venezuelana nas ruas, nos trajes, nos hábitos. Sabana Grande é a artéria principal e os bairros de Las Mercedes e Altamira estão próximos da restauração e vida nocturna”, dizia ainda a companhia no seu site. Acontece que alguns destes locais, nomeadamente a Sabana Grande, são palcos principais da violência e caos que há meses se vive na cidade e que se têm vindo a acentuar nos últimos tempos.

Estas informações positivas sobre a vida na capital venezuelana, contrariavam as recomendações que são feitas no Portal das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). “As condições de segurança por toda a Venezuela permanecem precárias, com elevada taxa de criminalidade e delinquência, em particular nas grandes cidades, principalmente em Caracas, incluindo o Aeroporto Internacional de Maiquetía”, é escrito no portal.

Diz ainda que em Caracas e várias cidades da Venezuela “continuam a ocorrer protestos frequentes, que são susceptíveis de resultar em confrontos entre participantes e forças policiais”. Lembra também que Caracas “é a cidade com maior índice de insegurança, com considerável incidência de crimes violentos”.

A Venezuela está mergulhada numa profunda crise política, económica e humanitária, num ambiente que muitos vêem como de pré-guerra civil. Juan Gaidó declarou o Presidente Nicolás Maduro “usurpador” e proclamou-se “Presidente interino”, tendo sido reconhecido como tal pela União Europeia, pelos Estados Unidos e vários países da região. Há meses que há falta de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais na Venezuela. O Governo Regional da Madeira estima que sete mil cidadãos emigrantes portugueses ou luso-descendentes tenham trocado a Venezuela pelo arquipélago nos últimos meses.

Além de ter cancelado o seu voo desta terça-feira para Caracas, a TAP pondera ainda se realiza o voo do próximo sábado.

Os voos da TAP para Caracas estão a ser operados pela Euroatlantic. Ou seja, as tripulações não são da TAP. Essas tripulações pernoitam na capital da Venezuela depois dos voos Lisboa-Caracas.

O anúncio do cancelamento surgiu depois de, no domingo, uma tripulação da companhia espanhola Air Europa ter sido atacada a tiro num hotel de Caracas. Presumíveis assaltantes, que se deslocavam de moto, tentaram obrigar a parar o furgão no qual a tripulação fez a viagem entre o aeroporto e o hotel, onde se encontrava a equipa que a deveria render. Os elementos da Air Europa estiveram mesmo sequestrados no hotel, antes de voltarem todos ao aeroporto e partir para Espanha. Uma situação que a TAP diz estar a acompanhar “atentamente”.

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