Começa o Carnaval alargado de Maduro, e Guaidó encontra-se com Bolsonaro

Conselho de Segurança da ONU vota propostas de resolução da Rússia e dos EUA sobre crise venezuelana, mas nenhuma tem hipóteses de ser aprovada.

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Desfile em Caracas Miguel Gutiérrez

Os festejos do Carnaval na Venezuela começam esta quinta-feira, conforme decisão do Presidente Nicolás Maduro, que garantiu ainda o pagamento antecipado de um bónus económico aos venezuelanos titulares do cartão da pátria, promovido pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).

O cartão da pátria foi criado no início de 2017, com o pretexto de que melhoraria a distribuição de alimentos à população através de comissões de abastecimento e produção. Na prática, é uma forma eficaz de controlar quem tem acesso a esta distribuição, e quem dela fica privado.

Tudo isto coincide com a crise humanitária na Venezuela, com situações de fome e grandes carências – que a oposição, neste momento liderada por Juan Guaidó, tem utilizado como uma forma pressionar Maduro.

Desde o fim-de-semana, quando houve confrontos na fronteira com a Colômbia, no momento em que a oposição tentou fazer entrar camiões com alimentos e outro tipo de ajuda doada pelos Estados Unidos e outros países da região, terão desertado para 411 militares para o campo dos opositores a Maduro, passando a fronteira para a Colômbia, ou para o Brasil, diz a agência noticiosa espanhola EFE.

Quanto a Maduro, decretou que os dias de quinta e sexta-feira seriam este ano feriados nacionais, para prolongar a festa do Carnaval, que classificou como uma “festa cultural”.

No anúncio, feito no passado dia 20, Maduro declarou que o dia de hoje e a sexta-feira, 1 de Março, seriam considerados dias de feriado nacional para prolongar a festa que caracterizou como "cultural".

Juan Guaidó, que saiu da Venezuela no fim-de-semana – apesar de existir uma ordem que o interditava – está em Brasília nesta quinta-feira, para se encontrar com o Presidente Jair Bolsonaro. Teve também uma reunião com embaixadores da União Europeia no Brasil.

Já participou numa reunião do Grupo de Lima, na Colômbia, onde apelou a uma intervenção internacional no seu país para derrubar Maduro – mas apenas conseguiu um aumento das sanções contra o regime bolivariano. Promete, entretanto, que em breve regressará ao seu país – o que será certamente um momento de grande tensão.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai debater na tarde desta quinta-feira a situação na Venezuela, a pedido dos Estados Unidos, para votar em duas resoluções, de sentidos opostos, apresentadas por Washington e Moscovo. Nenhuma deverá ir por diante, pois ambas têm veto garantido da potência oposta.

O texto da resolução russa defende uma resolução política para a crise e apoia o Governo de Maduro, considerando-o o coordenador de qualquer ajuda internacional enviada para o país. Já o da norte-americana, diz a Reuters, propõe a realização de eleições presidenciais livres e justas na Venezuela e a entrega de ajuda humanitária sem qualquer limitação ou interferência.

Para ser aprovada, uma resolução precisa de um mínimo de nove votos no Conselho de Segurança, e nenhum veto dos membros com assento permanente (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia).

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