Fenianos querem recriar corso carnavalesco portuense do início do século XX

Corso chegou a juntar 400 mil pessoas e a mobilizar grandes artistas como Rafael Bordalo Pinheiro, Almada Negreiros e Teixeira Lopes. Clube Fenianos Portuenses mostram a cidade dessa época numa exposição

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Clube Fenianos Portuenses/ DR
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O Clube Fenianos Portuenses quer até 2021 recriar o corso de 1905 que inaugurou a tradição carnavalesca no Porto. A exposição que retrata o primeiro corso carnavalesco do clube, no clube até 6 de Março, tem como objectivo "dar um primeiro passo para recuperar esta história e memória da cidade".

Vítor Tito, vice-presidente da organização fundada há 114 anos,​ deu conta de "um grande desafio e um sonho" que quer "seja também da cidade". Se tudo correr como planeado, essa mostra deverá ser o que os Fenianos desejam ainda "no mandato da actual direcção, que acaba daqui a dois anos".

"Estamos perante um grande desafio, pois o corso carnavalesco dos Fenianos faz parte da história da memória da cidade", disse o responsável, lembrando o que foi então "uma grande afirmação artística que acontecia no espaço público".

Enfatizando que "nos seus tempos áureos, [o corso] chegou a juntar 400 mil pessoas e a mobilizar grandes artistas como Rafael Bordalo Pinheiro, Almada Negreiros e Teixeira Lopes, que desenharam os corsos", o dirigente assegurou "que em termos artísticos o clube tem tudo o que é necessário fazer", revelando que os Fenianos "preservaram os desenhos e fotografias da época".

Numa brochura da exposição é explicado que o corso foi interrompido pela I Guerra Mundial e também pela Grande Depressão e retomado em 1939, exibindo-se então até 1947, altura em que a ditadura proibiu os festejos de rua, passando a animação a estar confinada às instalações dos Fenianos.

O desfile voltou às ruas entre 1954 e 1957 e depois entre 1982 e 1984, nos derradeiros esforços do clube para manter uma tradição que continuava a ser demasiado dispendiosa, refere ainda o documento que acompanha exposição.

Em 1905, segundo Vítor Tito, o corso percorreu as ruas dos Clérigos, Almada, Santa Catarina e a baixa portuense, seguindo o trajecto onde havia comerciantes, "uma contrapartida pelo apoio que davam para que o corso saísse à rua. Era a tarde toda", disse.

A caminho de comemorar 115 anos, os Fenianos reúnem na exposição "200 peças, entre filmes, fotografias, objectos, cartazes, notícias e trajes", podendo ser visitada até 6 de Março, entre as 13 horas e as 21 horas, sendo as entradas gratuitas.

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