Seis países europeus têm 4,4 milhões de euros para perceber melhor a dor esquelética

Durante o projecto – que inclui o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, no Porto – 15 jovens irão fazer o doutoramento em diferentes áreas da dor esquelética.

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A investigadora Meriem Lamghari, que coordena o projecto em Portugal I3S

Conseguir entender melhor a dor esquelética e desenvolver novas estratégias terapêuticas é a ambição do projecto europeu Bonepain II, que irá formar 15 jovens nessa área. Para isso, um grupo de oito grupos de investigação – incluindo o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto – e quatro empresas de seis países na Europa vão ter 4,4 milhões de euros do programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia no âmbito das acções Marie Sklodowska-Curie, anunciou o i3S em comunicado.

As dores ósseas – sejam associadas às artroses, a fracturas causadas pela osteoporose ou a metástases ósseas – afectam milhões de pessoas em todo o mundo. “Apesar de se tratar de uma dor muito debilitante e que afecta fortemente a qualidade de vida de muitas pessoas, a investigação sobre dor óssea é muito limitada”, destaca-se no comunicado sobre o Bonepain II, projecto que começou em Janeiro deste ano e tentará fortalecer essa investigação.

“O objectivo final é conseguir perceber melhor a dor esquelética e propor novas estratégicas terapêuticas”, diz ao PÚBLICO Meriem Lamghari, do i3S e responsável pelo projecto em Portugal. Fazem ainda parte do Bonepain II instituições científicas (entre elas o King’s College de Londres e o Instituto Karolinska) e empresas da Dinamarca, do Reino Unido, Suécia, Holanda e Alemanha.

Durante o projecto, 15 jovens irão fazer o doutoramento em várias áreas da dor esquelética. “Não há uma solução fiável [para a dor esquelética] e para se investir nesta área é importante formar pessoas”, afirma Meriem Lamghari, acrescentando que neste momento está a decorrer o recrutamento desses jovens a nível internacional.

Em Portugal, serão desenvolvidos modelos experimentais para recriar o ambiente das metástases ósseas. Mais concretamente, Meriem Lamghari explica no comunicado que será desenvolvido “um modelo in vitro baseado em chips que simulam a complexidade e o ambiente dos órgãos humanos”. Esses modelos irão recriar uma realidade in vitro muito parecida com a realidade, o que permitirá estudar a interacção entre as células nervosas, as ósseas e as cancerosas.

E porquê essas células? “Sabemos que em situação de metástase óssea, as fibras nervosas no local sofrem um aumento significativo no seu crescimento. Queremos saber por que razão crescem de forma anormal nestas situações, qual dos três grupos de células está a enviar sinais e para quem”, refere a investigadora no mesmo comunicado, adiantando que os modelos 3D poderão ser usados para testar potenciais terapias.

Já em Janeiro deste ano, foi anunciado que o projecto europeu Restore coordenado por Meriem Lamghari e com o objectivo de criar implantes inteligentes para reparar defeitos na cartilagem do joelho também teria 5,5 milhões de euros do Horizonte 2020. Além do i3S, participam no projecto Restore mais sete instituições académicas europeias e duas empresas da Finlândia. No final, espera-se diminuir ou retardar o aparecimento da osteoartrite.

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