Como lidar com os bispos em casos de abuso sexual?

A questão está em cima da mesa nas discussões que os presidentes das conferências episcopais mantêm desde quinta-feira em Roma, na cimeira promovida pelo Papa para decidir medidas capazes de estancar este flagelo.

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Os presidentes das conferências episcopais estão desde quinta-feira em Roma, na cimeira promovida pelo Papa PAULO PIMENTA

Como lidar com os bispos, ou superiores de ordens religiosas, que abusem ou encubram abusos sexuais de menores ou adultos vulneráveis cometidos dentro das respectivas dioceses? Esta é uma das perguntas que estão a dar algumas dores de cabeça aos líderes da Igreja que estão desde quinta-feira reunidos em Roma com o papa Francisco para discutir os abusos sexuais de menores no seio da instituição. 

Ao contrário dos padres, que arriscam a demissão ao estado clerical, os bispos dependem directamente do Papa e não respondem perante os seus pares. Daí que a a definição de regras claras e universais quanto às sanções que lhes podem ser aplicadas, nomeadamente se falharem na obrigação de comunicar os casos à justiça civil, levante questões difíceis à Igreja. 

Numa altura em que as diferentes possibilidades estão ainda em cima da mesa das discussões, o cardeal norte-americano Blase Cupich apresentou esta sexta-feira de manhã em 12 pontos um manual de procedimentos a adoptar por cada conferência episcopal em que sugere que seja o bispo metropolita (no caso português, é o cardeal patriarca de Lisboa) o responsável por investigar as suspeitas de abuso ou encobrimento que recaiam sobre os bispos vizinhos, reportando depois a Roma. 

Entre as sugestões do cardeal norte-americano inscreve-se ainda a criação de um fundo para financiar estas investigações. 

Mas, por enquanto, e enunciados os princípios de total transparência face ao flagelo dos abusos sexuais, os cerca de 190 líderes da Igreja Católica reunidos em Roma estão ainda numa fase de “partir pedra”.

O encontro dura até domingo, esperando-se que nesse dia o Papa faça, no discurso final, o anúncio de medidas concretas, entre as quais, se inclui desde já o compromisso que tem vindo a ser reiteradamente assumido por Charles Scicluna, secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, nos briefings que tem mantido com os jornalistas, de divulgar os números dos casos reportados ao Vaticano, somados a informações sobre qual foi o desfecho de cada um desses casos. 

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