Enfermeiros: uma vigília, greve às horas extra e não assistir doentes em macas

Para sábado está agendada uma vigília nacional pela valorização da enfermagem em várias cidades. Um enfermeiro do Porto decidiu seguir o exemplo do líder do Sindepor e vai fazer greve de fome durante três dias.

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Adriano Miranda

Sindicatos e movimentos que apoiam os enfermeiros em greve “cirúrgica” estão a desmultiplicar-se em acções paralelas ao protesto, depois de as administrações dos hospitais terem tido ordens para começarem a marcar faltas injustificadas aos grevistas. Há uma vigília nacional marcada, uma greve às horas extraordinárias recomendada e uma proposta invulgar: a de que os enfermeiros deixem de prestar assistência a doentes que se encontrem em macas nos corredores dos hospitais.

Para este sábado está agendada uma vigília nacional pela valorização da enfermagem, com iniciativas marcadas em várias cidades, em solidariedade com o presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), Carlos Ramalho, que entrou quarta-feira em greve de fome, em frente à residência oficial do Presidente da República, e que está à espera de ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa.

Um enfermeiro do hospital de S. João (Porto), Duarte Barbosa, anunciou entretanto que vai seguir o exemplo do líder, mas apenas durante três dias. 

Com o apoio do Sindepor, a vigília está agendada para as 19h30 de sábado, com concentrações em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Viseu, Faro e Funchal. E o Movimento Nacional dos Enfermeiros  convocou para 8 de Março uma "marcha branca", em Lisboa. Para facilitar a participação dos enfermeiros no desfile, a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) vai decretar greve nacional para esse dia.

"A saga continua", garante Lúcia Leite, presidente da ASPE, que decidiu suspender de imediato a greve na quarta-feira, ao contrário do Sindepor, que mantém a paralisação, apesar de recomendar aos enfermeiros que vão trabalhar, com a reserva de assinarem uma minuta a atestar que foram coagidos a fazê-lo.

Lúcia Leite diz que aposta em duas estratégias, que foram já lançadas: apelos para que os profissionais deixem de fazer cirurgias adicionais e também não façam horas extraordinárias.

Ao mesmo tempo, a Federação dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense), que tem estado à margem do protesto "cirúrgico", convocou uma greve de zelo, por tempo indeterminado, a partir de 1 de Março, em luta pela negociação do Acordo Colectivo de Trabalho, que o Governo interrompeu no início deste ano. 

A paralisação visa denunciar as más condições em que os doentes são muitas vezes acomodados nos hospitais. E a proposta da Fense é a de que os enfermeiros não assistam os doentes que se encontrem em macas nos corredores, segundo explicou o porta-voz da Fense, José Azevedo, ao Jornal de Notícias. O objectivo é denunciar que os hospitais "acomodam os doentes de qualquer maneira" por "motivos financeiros, explicou.

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