Startup do Porto ajuda restaurantes a combaterem o desperdício alimentar

Objectivo é ajudar estabelecimentos de restauração a venderem o excesso que produzem, permitindo assim uma diminuição de desperdício alimentar aliada a uma maior sustentabilidade.

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Uma startup instalada no Parque da Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto criou uma plataforma que permite a restaurantes e padarias venderem o excesso de fabrico e contribuírem para o "combate ao desperdício alimentar", revelou o responsável.

Em entrevista à Lusa, Carlos Pereira, coordenador em Portugal da empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento FairMeals, explicou que o projecto, iniciado em 2016, tem como propósito "ajudar os serviços de alimentação a venderem o excesso produzido", permitindo a redução do prejuízo financeiro, assim como do desperdício alimentar.

"Existem algumas organizações não-governamentais que já enfrentam a batalha do desperdício alimentar, só que normalmente focam-se apenas no desperdício. Nós queríamos que a FairMeals fosse além disso, unindo não só a sustentabilidade com a redução do desperdício, mas também considerando o lado do empreendedor, que ao mesmo tempo consegue obter algum retorno financeiro", contou Carlos Pereira.

A startup, que surge da "indignação face ao desperdício alimentar" de dois colegas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Christian Wimmler e Tiago Fernandes, opera na Alemanha e em Portugal. A nível nacional, a startup conta com a parceria de 34 serviços alimentares, desde padarias, pastelarias e restaurantes, sendo que 32 parceiros se localizam no Porto, um em Lisboa e outro em Coimbra.

Descontos de, pelo menos, 20%

Desenvolvida em Janeiro de 2018, a plataforma, que é gratuita tanto para consumidores como para estabelecimentos, funciona através de "ofertas de excedente" de alimentos, onde o proprietário do estabelecimento define o produto, a quantidade e o horário em que se encontra disponível para levantamento. "Todas as ofertas que são colocadas na plataforma têm um desconto mínimo obrigatório de 20%. Definimos esse desconto porque não são refeições frescas, ou seja, produzidas na hora e porque o consumo não é feito no estabelecimento", esclareceu.

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Para os consumidores, o site funciona como um sistema de "reserva de produtos", que, ao gerar um código, permite o pagamento e a recolha dos alimentos no estabelecimento. Segundo Carlos Pereira, a plataforma conta actualmente com cerca de 700 utilizadores registados em Portugal e na Alemanha.

A equipa da FairMeals, que lançou em Outubro de 2018 a aplicação para o sistema operacional da Android e está agora a trabalhar na adaptação da mesma ao sistema operacional da Apple (iOS), contabiliza diariamente uma média de 19 ofertas. Neste momento, encontram-se a "melhorar o site" e em negociações com uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que opera a nível nacional, e com uma empresa de tratamento de resíduos com o objectivo de "aproveitar os alimentos" que não são vendidos através da plataforma. "O que não for vendido pode ser doado a instituições de cariz social. Caso não seja vendido, nem possa ser doado, queremos dar o tratamento adequado a esses produtos, como para a produção de energia ou até alimentação animal", frisou Carlos Pereira.

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