Maduro contra Guaidó: sábado há dois concertos solidários na fronteira entre Venezuela e Colômbia

Governo chavista respondeu ao evento organizado por Richard Branson para angariar ajuda humanitária para a Venezuela e apoiar Guidó, em Cúcuta, na Colômbia, com concerto do lado venezuelano da fronteira e plano de distribuição de alimentos.

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Reuters/EDGARD GARRIDO

O Governo do Presidente Nicolás Maduro anunciou que vai ter um concerto para rivalizar com o que o empresário britânico Richard Branson organizou, ao estilo do Live Aid, para angariar fundos para medicamentos para a Venezuela e apoiar Juan Guaidó, que se autoproclamou chefe de Estado. 

Os dois concertos têm lugar no sábado, o de Branson em Cúcuta, a cidade colombiana junto à fronteira com a Venezuela que se tornou um dos centros da disputa venezuelana — ali está parada ajuda humanitária que o Governo de Caracas não deixa entrar no país e ali estão alguns dos milhares de venezuelanos que abandonaram o país nos últimos meses

O concerto de Maduro, segundo declarações feitas pelo ministro das Comunicações, Jorge Rodriguez, vai acontecer ali perto, mas do lado venezuelano. 

O Governo de Caracas — que a maior parte dos países da União Europeia já não reconhece, assim como o dos Estados Unidos, Canadá e grande parte das nações da Organização dos Estados Americanos — anunciou ainda que no sábado vai distribuir 20 mil caixas com alimentos à população mais pobre que vive junto à fronteira, nas proximidades de Cúcuta. 

“Há muitos artistas venezuelanos, e irmãos de todo o mundo, que querem participar nesta mensagem de amor”, disse Jorge Rodriguez sobre o “concerto de Maduro” que tem como mote “Tirem as mãos da Venezuela”.

“É preciso estar mesmo fora da realidade para ridicularizar desta forma as necessidades do povo venezuelano — é preciso ser muito cínico”, respondeu Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino a 23 de Janeiro e pretende realizar eleições legislativas e presidenciais no país. 

Numa entrevista à Associated Press, Branson explicou que o seu objectivo é angariar dinheiro para os medicamentos de que os venezuelanos “necessitam”. Branson explicou que o seu envolvimento deve-se ao facto de ter participado no Live Aid e de trabalhar há anos com os Elders, um grupo de políticos veteranos que trabalham para, de forma pacífica, levar ajuda humanitária a zonas carenciadas.

A Venezuela atravessa uma profunda crise humanitária e há carência de alimentos e de medicamentos. Mas Nicolás Maduro rejeita que essa crise exista. Com este concerto ao estilo do Live Aid – o mega-concerto organizado em 1985 pelo músico britânico Bob Geldof para reunir fundos para uma Etiópia assolada pela fome –  o patrão da Virgin espera juntar 300 mil pessoas e angariar cem mil dólares.

No seu concerto estarão, segundo os jornais The Guardian e Wall Street Journal, o cantor dominicano Juan Luiz Guerra, o porto-riquenho Luis Fonsi, o espanhol Alejandro Sanz e o franco-espanhol Manu Chao, entre outros artistas latinos. O cartaz do lado de lá da fronteira ainda não é conhecido.

Sábado é o dia em que, segundo anunciou Juan Guaidó na segunda-feira, uma multidão de voluntários — espera conseguir um milhão de pessoas — vai distribuir a ajuda humanitária na Venezuela. 

Não se sabe de que forma essa ajuda cruzará a fronteira, mas Guaidó disse aos media venezuelanos e estrangeiros que o Governo de Maduro está a decidir se deixa os camiões entrarem no país. “Eles estão a debater... não sabem o que fazer”, disse, considerando o concerto alternativo uma medida “desesperada” de Maduro.

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