O que não vimos mas devíamos ter visto e o que ainda vamos ver na nova programação do Monumental

Até que o centro comercial lisboeta entre em obras haverá muito cinema no Saldanha. A programação de Março já foi divulgada.

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Paris Texas, clássico de Wim Wenders será apresentado pelo músico Salvador Sobral DR

Até que as obras comecem, e já a partir de 2 de Março, o Centro Comercial Monumental vai ter uma programação especial de cinema que contará com estreias, antestreias e clássicos, e que chamará às salas da Praça Duque de Saldanha artistas, escritores e outros convidados.

Suspensa a exibição comercial de cinema a partir deste mês de Fevereiro, o multiplex até aqui explorado pela Medeia Filmes do produtor Paulo Branco continuará vivo, com uma oferta que passa por obras de realizadores como Lav Diaz, Tim Burton, Louis Garrel, Wim Wenders, Werner Schroeter e João Salaviza. Será precisamente este último a protagonizar, ao lado de Renée Nader Messora, sua mulher, uma das sessões da secção Estreias, dedicada a Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos (10 de Março, 18h), filme que os dois assinam e que recebeu o Prémio Especial do Júri — Um Certain Regard na última edição do Festival de Cannes.

Resultado de anos de vida com os krahô, povo indígena do Brasil, esta ficção de Salaviza e Messora, que já teve uma antestreia no Cinema Trindade, no Porto, é o filme da fuga impossível do jovem Ihjãc. A longa-metragem servirá de âncora a uma sessão em que os realizadores estarão à conversa com o público e de contraponto à exibição de três curtas de Salaviza: Arena (2009), Palma de Ouro em Cannes; Rafa (2012), Urso de Ouro em Berlim; e Altas Cidades de Ossadas (2017).

Antes de Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, estarão disponíveis títulos do filipino Lav Diaz (A Estação do Diabo, 2, 9 e 31 de Março) e do francês Julien Faraut (John McEnroe: O Domínio da Perfeição, 3 de Março).

No naipe de longas que o Monumental vai mostrar antes de chegarem ao circuito comercial estão ainda incluídas A Pereira Brava (dia 16), do turco Nuri Bilge Ceylan; Dumbo, do sempre muito aguardado Tim Burton (dia 24); e L’Homme Fidèle, de e com o francês Louis Garrel (30 de Março).

Passando para as secções a que esta programação deu o nome de Inéditos, Cineclube e Raríssimos, o destaque vai para nomes como Raúl Ruiz — Fado Maior e Menor (9 de Março) e O Tempo Reencontrado, título em que o realizador chileno que morreu em 2011 se agarra ao volume menos narrativo de Em Busca do Tempo Perdido, a obra-prima de Marcel Proust; Hirokazu Kore-eda, o cineasta japonês por trás de Andando (3 de Março) e Ninguém Sabe (dia 30); ou Werner Schroeter, que tem honras de encerramento com O Rei das Rosas (a 31), filme rodado em Sintra que teve no elenco Magdalena Montezuma, verdadeira musa deste cineasta alemão, que morreria pouco depois de terminada a rodagem.

Pelo meio, a 24 de Março, há ainda tempo para (re)ver Paris Texas, clássico de Wim Wenders que foi Palma de Ouro em Cannes em 1984 e que aqui será apresentado pelo músico Salvador Sobral, convidado a fazer uma escolha para esta programação.

Ainda no rescaldo dos Óscares de 2019, passarão Roma (2, 10, 16, 23 e 31 de Março) — quando isso acontecer já saberemos se o mexicano Alfonso Cuarón terá acumulado, pela primeira vez na história dos prémios da Academia, as estatuetas douradas para Melhor Filme e para Melhor Filme Estrangeiro — e Canino (dia 2) e A Lagosta (dia 9), dois títulos anteriores de Yorgos Lanthimos, o realizador grego de A Favorita, que tal como Roma parte para a grande noite de Hollywood com dez nomeações.

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