Governo substitui administração da Parvalorem com contas por divulgar

A equipa que gere o veículo que ficou com os activos tóxicos do BPN vai ser substituída pelo Governo. Contas de 2017 e 2018 ainda não estão fechadas.

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Rui Gaudêncio

O conselho de administração da Parvalorem, a entidade pública criada para gerir os activos tóxicos do antigo BPN, vai ser substituído até final de Março, informação que foi já comunicada aos trabalhadores do veículo liderado desde Agosto de 2012 por Francisco Nogueira Leite. 

A substituição de Nogueira Leite ter-lhe-á sido comunicada nos últimos dias pelo Ministério das Finanças e chega 14 meses depois de o gestor ter terminado o seu mandato, o que se verificou no final de 2017. Na equipa de administração da Parvalorem estão ainda Bruno Castro Henriques e Maria Paula Poças.

Foi esta quinta-feira que Nogueira Leite convocou os directores da Parvalorem para lhes comunicar que ia, finalmente, deixar a instituição. No grupo da alta direcção do veículo público, gestor dos activos tóxicos do antigo BPN, encontram-se vários ex-colaboradores próximos de Oliveira Costa. E alguns pertenceram mesmo às equipas de gestão do antigo banqueiro, que o Ministério Público condenou a 15 anos de cadeia. 

O BPN foi alvo de uma megaburla, perpetuada ao longo de anos, e que já provocou prejuízos aos contribuintes nacionais de mais três mil milhões, podendo as perdas chegar a sete mil milhões.

Tudo indica que Francisco Nogueira Leite deixa a Parvalorem, sem tornar públicas as contas de 2017 e de 2018. No entanto, dentro do Ministério das Finanças admite-se que na assembleia geral que vai substituir a actual equipa de administração o accionista (o Estado) estará em condições de aprovar as contas de 2017, que aparentemente ainda não foram fechadas, tal como acontece, aliás, com os números de 2018.

A Parvalorem conta actualmente com cerca de 160 trabalhadores e gere activos de cerca de três mil milhões de euros, entre propriedades e imóveis, obras de arte e numerário.

Esta semana o Jornal de Negócios deu conta de um negócio que vai reverter em parte substancial para a Parvalorem: a venda por 1,9 milhões de euros de duas quintas na região do Douro ao banqueiro luso-angolano Fernando Teles, grande accionista do BIC Angola e presidente não executivo do EuroBic (que absorveu o BPN). Foi Teles que comprou ao Estado o BPN e negociou com a Parvalorem a compra de activos considerados não tóxicos.

As duas propriedades, a Quinta da Boa Vista (1,4 milhões) e a Quinta da Ponte (773 mil euros), pertenciam a um devedor do BPN, o ex-deputado do PSD Manuel António dos Santos, antigo presidente da Casa do Douro, que se declarou falido, com dívidas de 3,6 milhões de euros. O seu maior credor é a Parvalorem, que reclama 1,5 milhões de euros e que será agora ressarcida.

A notícia refere ainda um detalhe: a venda das duas quintas a Fernando Teles ocorre depois de o leilão público ter sido anulado com o preço base de licitação de 2,1 milhões de euros.

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