Costa apontou dedo a sindicatos "irresponsáveis" da UGT

Socialistas estiveram reunidos durante quatro horas para debater temas de actualidade, incluindo a contestação social e as europeias.

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Secretário-geral do PS, António Costa, acompanhado pela secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes, durante a reunião da comissão polí­tica, em Lisboa LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O secretário-geral do PS, António Costa, fez esta quinta-feira à noite um discurso de encerramento da reunião da comissão política do PS bastante crítico para os sindicatos "irresponsáveis" da UGT. Em causa estava sobretudo a greve dos enfermeiros, mas também, segundo apurou o PÚBLICO, uma resposta directa a um discurso de José Abraão, da central sindical que é também membro da comissão política.

No discurso, António Costa defendeu que o país está globalmente tranquilo do ponto de vista social, apesar de existirem "focos" de contestação social à política do Governo, especificando, entre outros, os casos dos professores, da administração pública e dos enfermeiros, mas contrapôs que, na sua perspectiva, o país, em termos globais, atravessa uma fase de tranquilidade.

No que diz respeito aos enfermeiros, Costa aproveitou para criticar abertamente a postura da UGT. De acordo com fontes presentes na reunião, o primeiro-ministro não poupou nas palavras no que se refere à UGT, numa resposta ao discurso que antes, durante a reunião tinha sido feita pelo dirigente daquela central sindical, José Abraão. Costa defendeu que em muitos aspectos via a CGTP mais dialogante do que a UGT - que tem ligações históricas ao PS - dando o exemplo de sindicatos "irresponsáveis" afectos àquela central sindical. Num discurso bastante aplaudido, contam presentes, Costa disse que algumas greves, pela forma como são feitas, descredibilizam o movimento sindical, acrescentando que não compreende como tem havido mais greves do que no tempo do anterior Governo.

Costa falava sobretudo da greve dos enfermeiros e reiterou aquilo que afirmara na entrevista à SIC, na terça-feira à noite, que o Governo não aceita negociar a reivindicação de atribuir um salário de 1.600 euros em início de carreira aos enfermeiros.

As afirmações de António Costa foram uma resposta a uma intervenção por parte de José Abraão que tinha atacado os parceiros do Governo, mas também a CGTP. "Os sindicatos são ou não são respeitados. Não há sindicatos bons e maus", disse. Nesse discurso, Abraão disse que havia muitos trabalhadores com expectativas defraudadas porque "não sentem melhorias no seu quotidiano" e criticou o estilo negocial do executivo com os sindicatos.

"Até se conversa, mas, no fim, não há nada. O que nós queremos é acordos. O Governo negoceia, faz conversa, mas no final é como quer", desabafou, dando como exemplo as negociações para aumentos salariais na administração pública no corrente ano.

Para procurar comprovar a sua tese de que o país até está tranquilo, o líder socialista referiu que, enquanto primeiro-ministro, tem visitado vários hospitais do país e que nessas deslocações conversou sempre de forma cordata com os profissionais de saúde.

Contou também um episódio em que, depois de uma manifestação de professores marcada para a porta da Presidência do Conselho de Ministros, enquanto almoçava num restaurante nas imediações da rua Gomes Teixeira, em Lisboa, teve a oportunidade de dialogar de forma serena com alguns desses sindicalistas que antes estavam a protestar.

Perante a Comissão Política do PS, António Costa procurou salientar as medidas tomadas pelo Governo desde Novembro de 2015, como a reposição de salários, de direitos ou o descongelamento de carreiras.

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