Ramalho Eanes: posição dominante da China pode beneficiar Portugal

Se a União Europeia não afirmar o seu poder, Portugal pode vir a ser prejudicado pela força económica chinesa, alerta o ex-Presidente da República.

Foto
Em balagem de carne de porco portuguesa para a China LUSA/NUNO VEIGA

O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes defendeu que a crescente posição dominante da China em termos económicos pode beneficiar Portugal, mas só no caso de a União Europeia conseguir afirmar-se como um grande poder.

"Se a Europa se afirmar como um grande poder tranquilo -- porque a Europa teve uma experiência de guerras e de custos das guerras que nenhuma outra potência no mundo tem -, se a Europa for isto (...), se ela fizer esta afirmação internacional geopolítica, está em condições de impor negociações nos grandes problemas", acrescentou Ramalho Eanes.

Nesse caso, referiu, "o facto de a China ser um grande poder, uma grande potência, só pode beneficiar a Europa, beneficiar o mundo e beneficiar Portugal". Caso contrário, "se a Europa não conseguir essa unidade e continuar a percorrer este caminho sem estratégia, sem mobilização e sem futuro (...), a China pode ser uma potência hegemónica complicada, dado que vai conseguir discutir a hegemonia, pelo menos no [oceano] Pacífico, com os Estados Unidos e nós sabemos que a discussão entre as grandes potências pode conduzir a situações complicadas, nomeadamente à guerra", advertiu.

"Embora Portugal tenha relações privilegiadas com a China, Portugal está integrado na União Europeia (UE)" e deve integrar-se na estratégia do continente, "se a UE vier a ser os Estados Unidos europeus ou a república europeia, se tiver unidade, unidade económica, unidade social ou unidade política, unidade militar também, unidade na política externa", insistiu Eanes. 

 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários