Doze alternativas ao Tinder para viajantes

Encontrar parceiros(as) é fácil, mas exige comportamento responsável. Eis uma lista alternativa às dating apps, para quem não procura romance.

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A aplicação de algoritmos às nossas idiossincrasias e preferências é uma tendência dos nossos dias EPA/Zoltan Balogh/Arquivo

Ponto prévio: não temos nada contra turistas solitários e não é porque chega mais um Dia dos Namorados que vamos mostrar como fazer amigos para viagens ou em viagem. Como diz o ditado, mais vale só do que mal acompanhado, mas também não incentivamos o cinismo ao ponto de fazer finca-pé na ideia de que andar sozinho pelo mundo é, em si mesmo, sinónimo de melhor qualidade de vida.

O que é facto é que as redes sociais permitem hoje estabelecer ligações virtuais com pessoas que, há uma década, nos eram inacessíveis. E essa lógica de redes sociais tem-se estendido também ao turismo.

As três edições da Web Summit feitas em Portugal são uma prova disso. Desde 2016, inúmeras startups tecnológicas apresentaram em Lisboa aplicações e serviços que permitem encontrar “amigos” para viajar. Houve até quem apresentasse a app como “o Tinder das viagens”.

Seja consciente, contacte com responsabilidade

Antes de olharmos para alguns dos serviços mais populares, um alerta (que é óbvio e que convém não esquecer): estabelecer contactos com desconhecidos, seja na cidade ou país onde vivemos, seja em destinos que visitamos, acarreta sempre uma dose de risco.

Mesmo que as empresas que têm vindo a desenvolver apps e serviços deste género incluam mecanismos que se destinam a fazer-nos sentir mais seguros, é preciso ter consciência dos riscos e tomar as devidas precauções (como marcar encontros em locais públicos e movimentados, manter familiares/amigos a par dos nossos planos, não acreditar cegamente no que se diz e tentar despistar os perfis falsos).

Este alerta é válido para o mundo online e offline, e faz sentido reforçá-lo para aplicações de promoção de encontros, a começar pelas chamadas dating apps, que habitualmente recorrem ao GPS do telemóvel para identificar quem está por perto e deixá-los saber onde estamos. Falamos de apps como o Tinder, da Happn, da OKCupid, do Grindr (LGBT) e outras que tais. Neste universo de aplicações, está muitas vezes implícita a ideia de vai tudo acabar em romance. Mas não somos o São Valentim. Pelo que vamos destacar apps ou serviços que promovem contactos entre pessoas, numa lógica diferente: menos romance, mais social.

Do Guiness para os negócios

James Asquith tem o nome dele gravado no livro de recordes Guiness como o mais jovem a visitar todos os países do mundo.

Foi aos 24 anos que completou essa lista e o passo seguinte foi pensar como poderia ajudar outros a lidar com um dos principais desafios que enfrentou: o custo de alojamento.

Vai daí, criou uma empresa (sediada em Londres) que desenvolveu uma app, disponível para iOS e Android), a Holiday Swap, que parece o resultado do encontro do Couchsurfing com o Tinder. Permite pesquisar alojamentos privados em 40 países, como no Couchsurfing, mas ao preço de um dólar por noite, por quarto (menos de um euro), navegando entre as opções tal como no Tinder, fazendo swipe para a esquerda ou para a direita do ecrã.

Dispõe de filtros, do género “quero gente jovem” ou o tipo de ambiente que pretendemos, e por isso acaba por ser também uma forma de encontrar pessoas (neste caso anfitriões) com quem se poderá sentir alguma afinidade.

A Waito também já se apresentou em Lisboa e é uma app desenvolvida por uma empresa americana. Destacamo-la mais pela inovação na abordagem à lógica de rede social do que pelo impacto, visto que é um serviço recente que ainda não ganhou escala. Está centrada nos voos e não no alojamento. Disponível apenas para iOS, a Waito alimenta-se das informações de voo que o utilizador fornece. A partir daí, pode exibir uma lista de quem está no mesmo avião ou que, no pior dos cenários, está à espera no mesmo aeroporto que nós, quando a escala é longa ou a partida foi atrasada. Há uma funcionalidade de chat, que facilita o contacto – embora percebemos que alguém já esteja a torcer o nariz. Afinal, para falar com pessoas, não precisa de uma app. Mas se isso é fácil quando temos alguém sentado ao nosso lado dentro do avião, já pode ser mais difícil quando estamos no meio de dezenas de milhares de pessoas que circulam por um aeroporto.

À mesa ou no bar

A Table 4 One, como o nome sugere, virou-se para as refeições. É outra opção com app para iOS e Android, que se posicionou no mercado com um foco nas viagens de trabalho ou de negócio. A proposta é simples: na próxima deslocação profissional, use esta app para arranjar companhia para jantar. Basta inserir o destino, o que faz e o tipo de restaurante que prefere e a empresa (sediada na Irlanda) promete encontrar outros profissionais semelhantes que estejam em viagem na mesma zona e que partilham as preferências gastronómicas.

Quem gosta de sair à noite, tem outra alternativa, a The Bar Corner. Esta app (iOS e Android) propõe um bar em função das nossas preferências, mas actualmente só inclui roteiros em França, no Luxemburgo e Portugal (e neste caso, só Lisboa).

Vistas opções que têm uma ligação a utilidades, como alojamento, viagens ou restauração, há muito por explorar neste mundo de propostas que cresce todos os meses, porque a aplicação de algoritmos às nossas idiossincrasias e preferências é uma tendência dos nossos dias.

No mesmo sítio, à mesma hora

Nesta lógica, podemos destacar a Travello. Basta criar um perfil, que pode ser conectado a outras redes sociais (o que funciona como um elemento adicional de identificação), inserir informação pessoal e de destino, usar os filtros para dizer à app que tipo de pessoas queremos encontrar (idade, género, interesses…) e depois seguir ou rejeitar as sugestões que são fornecidas pela app. Está disponível em iOS e Android.

A Ventoura é outra hipótese (disponível na App Store e na Google Play). Permite conhecer outros viajantes que estão ao mesmo tempo e no mesmo destino que nós ou cruzarmo-nos com gente local na área em que vamos estar.  

O mesmo se aplica à TripGiraffe. Neste caso, não há uma app. Desenha-se a viagem no site e podemos convidar outros a partilhar a experiência ou aprovar viajantes que se queiram juntar a nós. Outra opção é pesquisar por planos de viagens de outros viajantes e pedir para nos juntarmos a eles ou elas.

A Trip In Touch também não tem app (dzem que estão a desenvolvê-la), tem uma comunidade no Facebook com 2400 pessoas, e promete ajudar a encontrar parceiros de viagem, segundo a mesma lógica das anteriores. Outra alternativa: a Flip The Trip. A mesma lógica, mas com app disponível para iOS.

Para desafios ou só para elas

Para rematar, um punhado de opções com foco muito específico. A primeira, chama-se Challenge Chum e promete unir quem partilha gostos pelo mesmo desafio, seja ele correr uma maratona, subir montanhas ou saltar de paraquedas. Pode-se submeter uma proposta de desafio, ficando disponível para aceitar companhia, ou pesquisar por desafios de outros e pedirmos para nos juntarmos a eles. Um senão: está focada no mercado do Reino Unido. E não tem app.

Finalmente, um conjunto de propostas para mulheres que querem viajar com outras mulheres. O site Women on the Road tem muitos conselhos para mulheres que querem viajar em segurança e evitar atenções indesejadas do sexo masculino (não batam em nós, não fomos nós que inventámos este conceito), com um cardápio de destinos por quatro continentes e dicas diversas. Outra opção é a app Tourlina (iOS e Android), para “mulheres que querem encontrar outras companheiras de viagem ou nativas no ponto de destino, dentro de uma rede de contactos segura e de confiança”.

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