Bas Dost: o finalizador nato com aversão aos “grandes”

Avançado é dos jogadores mais acarinhados em Alvalade, por ter ficado após as agressões em Alcochete.

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Bas Dost LUSA/MIGUEL A. LOPES

Em Maio de 2018, a saída de Bas Dost parecia inevitável. Com os pedidos de rescisão por justa causa a chegarem a Alvalade, o avançado holandês — uma das principais vítimas dos agressores que invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete — seria, provavelmente, o jogador com mais razões para querer sair do clube. Os adeptos “leoninos” desesperavam com essa hipótese, imaginando a saída de um jogador que, na época que então terminava, tinha marcado 34 golos em 49 partidas.

Quando tudo parecia alinhado para o futebol português se despedir de Bas Dost, a afinidade ao clube falou mais alto e, com o acompanhamento de Sousa Cintra, o “leão” foi novamente apresentado aos sócios em Alvalade. “Falei com a minha família e a conclusão foi: ‘Este é o meu clube. Amo o Sporting e é aqui que quero estar’. O holandês assumiu um estatuto de ídolo, merecendo o carinho redobrado dos adeptos “leoninos”.

Pequena área é zona de eleição

O avançado retribuiu esse apoio com golos. Na presente temporada, Bas Dost assinou o seu nome na lista de marcadores por 19 ocasiões. Para o campeonato nacional, o ponta-de-lança já fez 12 golos, número surpreendente quando consideramos que o holandês esteve parado durante dois meses, devido a uma lesão contraída no início da época. Após ter recuperado por completo do problema físico, voltou em força. Nos últimos dois meses de 2018 — que totalizaram 12 encontros — Bas Dost fez 15 golos, para quatro diferentes competições (Liga Europa, Taça de Portugal, campeonato e Taça da Liga).

O holandês é um avançado que se sente mais confortável dentro da grande área. Todos os golos no campeonato foram apontados de curta distância, com sete — pouco mais de metade — obtidos através da conversão de grandes penalidades, que o holandês raramente desperdiça. Três dos 11 golos resultaram de cabeceamentos certeiros, e dois (um chapéu ao guarda-redes do Moreirense na jornada inaugural e um golo de calcanhar no último encontro frente ao V. Setúbal) completam a lista.

Frente ao Benfica, o avançado não guarda memórias felizes: em cinco partidas, Bas Dost regista três empates e duas derrotas. Só por duas vezes o jogador fez o gosto ao pé frente aos rivais lisboetas: primeiro em 2016, curiosamente na primeira partida contra os “encarnados”, quando o golo do avançado foi insuficiente para impedir a derrota dos sportinguistas na Luz, por 2-1 e depois no último duelo, com mais um golo a ser pouco para impedir nova derrota, desta feita por 2-4. Já nas partidas contra o FC Porto, Bas Dost apenas conseguiu marcar para a Taça da Liga, na conversão de uma grande penalidade já nos últimos instantes da partida, que se tornou decisiva na conquista do troféu, pois repôs a igualdade, levando o encontro para o desempate por pontapés de penálti onde o Sporting foi mais forte.

“Colocaria facilmente o Bas Dost no top-3 de avançados do Sporting”, afirma Pedro Varela, responsável pela Bancada de Leão, uma das principais contas de Twitter afectas ao Sporting. O adepto lamenta o jejum do avançado frente aos rivais, elogiando, porém, a forma cirúrgica como o “leão” converte as grandes penalidades: “O Bas Dost não é um jogador que marque muitos golos aos grandes. Na realidade, não marcava penáltis com tanta regularidade lá fora. Quando vai a correr, até parece que não sabe marcar um penálti. Corre calmamente, remata devagar, mas a verdade é que não falha. Até causa algum desconforto quando o vemos ir para a bola (risos)”. Apesar do momento menos bom que Bas Dost atravessa, Pedro Varela considera que, depois de o avançado ter recuado na rescisão, passou a ser mais “acarinhado” pelos adeptos “leoninos”.

A amizade entre Bas Dost e Jorge Jesus

Bas Dost começou a carreira profissional na Holanda. Deu nas vistas no FC Emmen, um clube no norte do país, mudando-se para o Heracles, em 2008, e, posteriormente, para o Heerenveen. Depois de duas épocas muito boas (a segunda com 37 golos em 39 jogos), mudou-se para a Bundesliga em 2012. Nas primeiras duas temporadas no Wolfsburgo, não foi uma aposta constante do técnico, mas no terceiro ano no campeonato gernânico, Bas Dost chegou aos 20 golos em 36 partidas. A concorrência do alemão Mario Gomez, porém, remeteu Bas Dost para segundo plano e, na temporada seguinte, acabaria mesmo por sair do emblema alemão.

Chegou ao Sporting em 2016 e foi um dos homens desejados por Jorge Jesus, que procurava substituir Slimani, de saída para o Leicester de Inglaterra. O avançado holandês tinha uma relação muito próxima com o antigo treinador dos "leões", fazendo questão de lhe agradecer, numa entrevista dada à Sporting TV, em Dezembro de 2018: "Jorge Jesus queria muito que eu viesse para o Sporting e fez tudo para o conseguir. Se ele não estivesse aqui, eu nunca teria jogado pelo Sporting. Ele foi muito importante para a minha carreira e fico feliz por ter coincidido com ele, teria perdido esta oportunidade sem ele".

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