Liga de bombeiros ameaça suspender fornecimento de refeições

A Liga dos Bombeiros Portugueses diz recusar “o anátema da suspeição que, de novo, querem fazer cair sobre os bombeiros” sobre eventuais fraudes na facturação de refeições.

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Rui Gaudencio

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) admitiu nesta sexta-feira suspender “todo e qualquer tipo de colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil [ANPC] no que refere ao fornecimento de refeições aos elementos que nos teatros de operações combatem os fogos florestais”.

Na quinta-feira, uma investigação da IGAI detectou “diversas discrepâncias” entre o número de refeições apresentadas para pagamento à Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) pelos bombeiros e o número de operacionais que efectivamente estavam no terreno durante os incêndios de Mação de 2017. Ou seja, o número de refeições enviadas para cobrança foi muito superior ao de bombeiros oficialmente no terreno, uma situação que a IGAI considera assumir “contornos criminais”, com “prejuízo para o Estado português”.

Em comunicado, a LBP, presidida por Jaime Marta Soares, lamenta “que só tenha tido conhecimento da investigação da Inspecção-Geral da Administração Interna [IGAI] a propósito do fornecimento de refeições através da comunicação social” e que “nem tenha tido a oportunidade de analisar as conclusões, inclusive, com o exercício do contraditório”.

“A LBP defende que é da responsabilidade da ANPC o fornecimento das refeições, cabendo-lhe explicar as eventuais discrepâncias no seu fornecimento, não só aos bombeiros, mas também aos elementos da GNR, do INEM, da Força Especial de Bombeiros, Sapadores Florestais e elementos das Forças Armadas, entre outros. Cabe, aliás, à ANPC, em qualquer circunstância, fazer a conferência das refeições facultadas num teatro de operações, atendendo a que o seu controlo é desenvolvido através dos CDOS”, diz o comunicado.

A liga diz ainda “recusar o anátema da suspeição que, de novo, querem fazer cair sobre os bombeiros relativamente a essa matéria”. “Cabe aos bombeiros combater incêndios e não fornecer refeições. E só têm participado nessa logística num espírito colaborativo com todas as entidades presentes nos teatros de operações por manifesta e assumida incapacidade demonstrada pela ANPC em satisfazer essa obrigação”, acrescenta.

Lembra também que já “por diversas vezes, e face a suspeitas apontadas no passado”, a LBP “tem manifestado a vontade de suspender qualquer tipo de colaboração” no domínio da logística das refeições e até dos combustíveis.

“A forma simplista e precipitada como agora, mais uma vez, os bombeiros são visados não pode deixar de suscitar o mais firme repúdio e protesto ao pôr em causa a honorabilidade e a dignidade das associações humanitárias, dos seus dirigentes, comandos e bombeiros”, salienta ainda a liga.

A LBP acrescenta estar consciente de que ninguém está acima da lei e que nunca colocou em causa as inspecções, mas reclama “que seja devidamente investigado e provado que os Bombeiros Portugueses cometeram alguma irregularidade, mesmo formal que seja”. “Assim, e até que os factos sejam comprovados nos locais próprios, contestamos veementemente esta insultuosa insinuação”, conclui.

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