74 anos do fim de Auschwitz: MNE recusa "discriminação, racismo e xenofobia"

Gabinete de Augusto Santos Silva recorda portugueses que ajudaram a salvar milhares de judeus do holocausto e diz que "a intolerância, a discriminação, o racismo, a xenofobia e o anti-semitismo não se coadunam com os valores" da Constituição portuguesa.

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Imagem de Auschwitz-Birkenau captada neste domingo. LUSA/LUKASZ GAGULSKI
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Antigos presos de Auschwitz e familiares de vítimas entram no campo neste domingo para as celebrações. LUSA/LUKASZ GAGULSKI
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Cemitério judaico em Tokaj, na Hungria, onde estão sepultadas vítimas do holocausto. LUSA/ZSOLT CZEGLEDI
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Campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. LUSA/Andrzej Grygiel
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"Arbeit macht frei" - "o trabalho liberta". A famosa inscrição no portão de entrada de vários campos de concentração. Aqui, em Sachsenhausen, em Oranienburg, na Alemanha. LUSA/HAYOUNG JEON

A propósito dos 74 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau pelas tropas soviéticas, que se assinalam neste domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros recordou hoje alguns portugueses que durante a segunda guerra mundial “livraram da morte milhares de judeus e de outras vítimas do nazismo” para sublinhar o compromisso de Portugal com a “defesa intransigente dos direitos humanos”.

Numa nota a respeito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto que hoje se comemora, o ministério liderado por Augusto Santos Silva afirma que o Governo se associa a esta evocação reiterando que “a intolerância, a discriminação, o racismo, a xenofobia e o anti-semitismo não se coadunam com os valores fundamentais inscritos na nossa Constituição, baseada na dignidade da pessoa humana”. Uma posição tanto mais significativa quanto nos últimos dias a actualidade nacional ficou marcada pelos acontecimentos de violência no bairro da Jamaica, há uma semana, e pela sequência de manifestações e declarações sobre racismo, assim como incidentes em várias zonas da área metropolitana de Lisboa.

“Relembramos hoje as pessoas por detrás dos números, vidas martirizadas por uma ideologia que tentou legitimar a crueldade e a morte”, lê-se na nota do MNE. “Não esquecemos também os actos de resistência e de humanidade, onde se incluem os exemplos de coragem e altruísmo de portugueses que livraram da morte milhares de judeus e de outras vítimas do nazismo: Aristides de Sousa Mendes, Alberto Teixeira Branquinho, Carlos Sampaio Garrido e o Padre Joaquim Carreira.”

“Comemorar esta efeméride significa combater o esquecimento. Significa perpetuar a memória para que estes actos não se repitam”, afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros, considerando que Auschwitz-Birkenau foi “palco de uma das mais hediondas barbáries vividas pela humanidade”.

Mais do que um campo de concentração, Auschwitz foi uma rede de vários campos localizada no sul da Polónia, sendo os principais dois pólos de Auschwitz e o de Birkenau (que no original polaco significava floresta de bétulas). Auschwitz-Birkenau é o mais conhecido por ter sido o campo de extermínio, no âmbito da chamada “solução final” idealizada pelo regime de Adolf Hitler, onde foram mortos mais de um milhão de judeus nas câmaras de gás, que eram depois incinerados nos crematórios.

Estima-se que o genocídio provocado pelo regime nazi de Adolf Hitler tenha resultado na morte de cerca de seis milhões de judeus, três milhões de polacos, 500 mil romani (ciganos), 250 mil cidadãos deficientes e 15 mil homossexuais. 

“Fiel ao seu compromisso de manter viva a Memória do Holocausto, em especial através da educação das gerações futuras, Portugal assumiu, em 2018, o estatuto de País de Ligação na Aliança Internacional para a Memória do Holocausto. Pela defesa intransigente dos direitos humanos, asseguraremos que os valores da liberdade, da tolerância e da fraternidade falem sempre mais alto”, garante o ministério de Augusto Santos Silva.

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