Direcção-Geral das Artes volta a mudar de mãos

A seu pedido, Sílvia Belo Câmara deixará de ser directora-geral das Artes no fim deste mês. Susana Graça, que a substitui, será a quarta titular do cargo desde que o actual Governo assumiu funções.

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De acordo com o ministério da Cultura, tutelado por Graça Fonseca, a versão definitiva do modelo de apoio às artes será publicada em Fevereiro Rui Gaudencio

Actualização: Ministério reverte nomeação de directora para a DGArtes ao tomar conhecimento de processo judicial

A Direcção-Geral das Artes (DGArtes) vai voltar a mudar de mãos: a partir de 1 de Fevereiro, a investigadora e consultora Susana Graça substituirá a actual titular do organismo que tem na sua dependência o sensível dossier dos apoios às artes. Segundo nota enviada esta sexta-feira pelo Ministério da Cultura (MC), Sílvia Belo Câmara, que estava no cargo há menos de um ano, sai "a seu pedido", uma informação que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, confirmar junto da própria.

Susana Graça, até agora assessora para as relações económicas na Embaixada da Noruega em Lisboa, mas cujo trajecto anterior incluiu duas passagens pela DGArtes, será a quarta titular deste cargo desde que o actual Governo tomou posse. Exercerá as suas funções em regime de substituição, tal como a sua antecessora, Sílvia Belo Câmara, nomeada em Maio de 2018 para ocupar o lugar deixado vago por Paula Varanda, que o então ministro Luís Filipe Castro Mendes demitiu por "quebra de confiança política". O mesmo ministro demitira já, em Maio de 2016, o anterior director-geral das Artes Carlos Moura-Carvalho. A turbulência neste organismo que, além dos apoios às artes, gere as representações nacionais em eventos como a Bienal de Veneza, acompanha a turbulência na própria tutela, que já conheceu três titulares nesta legislatura: João Soares, Castro Mendes e Graça Fonseca.  

Tal como Paula Varanda, cuja nomeação definitiva não chegou a ser publicada em Diário da República, tendo sido travada in extremis pelo então secretário de Estado Miguel Honrado na sequência de uma investigação do programa Sexta às Nove, Sílvia Belo Câmara não chegou a exercer as funções de directora-geral das Artes em regime definitivo, embora se tenha apresentado ao concurso aberto em Setembro para o preenchimento do cargo. Ao que o PÚBLICO apurou, o concurso ficou mais uma vez por concluir, tal como os anteriores.

O PÚBLICO tentou esclarecer os motivos desta inesperada saída junto do gabinete da ministra da Cultura, que adiantou apenas que estão em causa "razões pessoais". A nova mudança na Direcção-Geral das Artes acontece numa altura em que a tutela se prepara para pôr em prática um modelo de apoio às artes reformulado, depois de uma anterior versão ter sido duramente criticada pelos agentes do sector na Primavera de 2018.

A nota enviada pelo MC sublinha que já será a nova directora-geral das Artes a "abrir e conduzir os novos concursos com o novo modelo de apoio às Artes". A versão definitiva do modelo deverá ser publicada em Fevereiro, terminado o período de consulta pública que actualmente decorre. O Governo garante que os resultados dos concursos serão conhecidos antes do Verão.

Antes de chegar à Embaixada da Noruega, Susana Graça, de 43 anos, foi técnica superior na Direcção-Geral das Artes em dois períodos distintos entre 2012 e 2016. Doutorada em Filosofia e Economia, a nova directora-geral das Artes é, desde 2017, investigadora e consultora em Economia da Cultura da Creare Foundations, na Holanda.

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