Juan Guaidó oferece "amnistia" a Nicolás Maduro se deixar o poder

Rússia, México e Uruguai oferecem-se para mediar conversações. Líder da oposição que se declarou Presidente interino diz que Assembleia Nacional aprovou esta semana uma lei que abrange Maduro e os seus colaboradores.

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Juan Guaido fez um gesto de abertura para Maduro, Juan Guaido fez um gesto de abertura para Maduro Cristian Hernandez/EPA,Cristian Hernandez/EPA
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Maduro a falar à população na varanda do Palácio de Miraflores, no dia 23 Marcelo Garcia/Miraflores Press/EPA

Juan Guaidó, o líder da oposição venezuelana que se declarou Presidente interino, admite conceder amnistia ao Presidente Nicolás Maduro se houver uma transição pacífica de poder.

"Aconteceram coisas parecidas em outros períodos de transição. Aconteceu no Chile e na Venezuela em 1958. Não podemos descartar nenhum elemento, mas temos de ser muito firmes em relação ao futuro", disse Guaidó na sua primeira entrevista depois de se ter declarado Presidente interino do país, ao canal norte-americano em língua espanhola Univision.

Guaidó apontou para a lei de amnistia que foi aprovada esta semana na Assembleia Nacional e que, segundo ele, abrange tanto Maduro como os seus colaboradores mais próximos.

"Isso será avaliado quando a questão se puser. A amnistia está em cima da mesa, são garantias para todos os que estiverem dispostos a pôr-se do lado da Constituição na recuperação da ordem constitucional", disse o presidente da Assembleia Nacional.

Sobre a sua proclamação como Presidente interino, Juan Guaidó disse que esse passo significa "assumir as competências para acabar com a usurpação que se vive na Venezuela", com o objectivo de "abraçar todos os sectores, incluindo os militares, e lançar eleições livres para se superar a crise".

Indiferente às declarações de Guaidó, o Presidente Nicolás Maduro esteve presente na quinta-feira na abertura do ano judicial no país e recebeu apoios importantes – depois da Rússia, China e Turquia, também o México e o Uruguai condenaram os acontecimentos dos últimos dias no país e ofereceram-se para mediar conversações. Moscovo ofereceu-se também como intermediário, já nesta sexta-feira.

"Não aceitaremos que império algum nos imponha governos por vias extra-constitucionais", disse Maduro no Twitter. "Na Venezuela prevalecerá o respeito pela vontade do povo, pela Constituição e pela Soberania. Venceremos!"

Também na quinta-feira, Maduro recebeu o crucial apoio das lideranças militares do país. O ministro da Defesa da Venezuela, o general Vladimir Padriño, classificou a proclamação de Guaidó como "um golpe de Estado contra a Constituição e o Presidente, Nicolás Maduro". E advertiu sobre os riscos de o país cair numa guerra civil.

Do outro lado, os Estados Unidos, o Canadá, o Reino Unido e vários países da América Latina reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela e disseram que Nicolás Maduro deve sair do poder.

A liderança da União Europeia teve, até agora, uma atitude moderada – exprime o seu "total apoio" às acções encetadas pela Assembleia Nacional, que considera a única instituição democraticamente eleita pelos venezuelanos e cujos poderes exigiu que fossem "imediatamente restaurados e respeitados".

No texto oficial, que foi negociado com todas as 28 capitais da UE, exige-se o respeito pelos "direitos cívicos, liberdade e segurança" de todos os parlamentares, e em particular do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó. E lembra que para a UE, "a violência ou excessivo uso da força pelas forças de segurança é completamente inaceitável".

Mas na quinta-feira, dezenas de eurodeputados, de vários partidos e nacionalidades, exigiram à Alta-Representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, um apoio explícito à proclamação do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, que assumiu a presidência interina do país até à realização de novas eleições democráticas.

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