Agência francesa detectou químicos perigosos em fraldas descartáveis

Entre as substâncias potencialmente tóxicas detectadas pela agência francesa de segurança alimentar e ambiente encontra-se o glifosato. Governo dá prazo de 15 dias aos fabricantes para apresentarem plano de remoção

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REUTERS/Eric Gaillard

A agência nacional de segurança alimentar e ambiente (Anses), em França, encontrou várias substâncias potencialmente tóxicas no material de fabrico de diversas marcas de fraldas descartáveis actualmente no mercado. Segundo a agência Reuters, o estudo, apresentado esta quarta-feira, aponta para a presença de químicos usados em produtos de beleza, sobretudo relacionados com o perfume adicionado a este produto, e também outras substâncias como o polémico herbicida glifosato.

Na sequência da divulgação do relatório da Anses, a ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, apressou-se a tranquilizar os consumidores e já anunciou que os fabricantes têm um prazo de 15 dias para apresentar um plano de acção para a remoção dos componentes potencialmente tóxicos. "Quero tranquilizar os pais. Segundo a ANSES, neste momento, não há riscos imediatos para a saúde das crianças – caso contrário, saberíamos, porque todas as crianças do mundo usam fraldas – então não há risco imediato", explicou a ministra, no final de uma reunião com os fabricantes.

O director da Anses, Gerard Lasfargues, adiantou que os testes realizados levaram à detecção de “uma dúzia” de substâncias que ultrapassam o limite permitido. “Essas substâncias estão relacionadas com perfume que a indústria adiciona às fraldas principalmente por razões de marketing, ou são substâncias que surgem durante o processo de fabricação das fraldas", adiantou.

Mais de 4 mil fraldas por bebé

Nas amostras analisadas terão sido encontrados outros produtos como o herbicida glifosato. O estatuto do glifosato, utilizado sobretudo para matar ervas daninhas, tem sido objecto de muita controvérsia. Em 2015, a Organização Mundial de Saúde concluiu que o glifosato — um componente químico criado em 1974 pela Monsanto, mas comercializado por centenas de empresas — tem um potencial carcinogénico para os seres humanos.

No entanto, as agências de protecção ambiental dos EUA e da União Europeia foram mais cautelosas nas suas apreciações e não recomendaram o abandono do glifosato. Em Novembro de 2017, o Conselho Europeu deu luz-verde à renovação da licença de utilização do produto por mais cinco anos

No total, terão sido analisados os produtos de 23 marcas de fraldas descartáveis disponíveis no mercado francês. O relatório não cita nenhuma marca especificamente e faz uma série de recomendações aos fabricantes para a remoção dos produtos.

Depois da publicação do relatório, o governo emitiu um comunicado conjunto assinado pelos ministros franceses do Ambiente, (François de Rugy) da Economia, (Bruno Le Maire), e Saúde, onde se exige a “aplicação imediata” das recomendações da Anses. Apesar da rápida reacção do governo que quis tranquilizar os consumidores, as conclusões do relatório são motivo para preocupação. Sobretudo quando sabemos que, a um cálculo pelo mínimo de quatro fraldas por dia, uma criança usará mais de quatro mil fraldas descartáveis nos primeiros três anos de vida. 

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