EUA apelam à destituição de Nicolás Maduro: "Estamos con ustedes"

Vice-presidente norte-americano, Mike Pence, diz que Maduro "tem de se ir embora". Em resposta, o Presidente venezuelano ordenou "a revisão total das relações com os EUA".

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Reuters/CARLOS GARCIA RAWLINS

Os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre o Presidente venezuelano, horas antes do início de uma jornada de protesto da oposição a favor da destituição de Nicolás Maduro. Numa comunicação gravada em vídeo dirigida aos venezuelanos e num artigo publicado no Wall Street Journal, o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, ficou a um passo de reconhecer oficialmente o opositor Juan Guaidó como legítimo Presidente da Venezuela e afirmou que Maduro "tem de se ir embora".

A posição forte de Washington surge na mesma semana em que um grupo de militares venezuelanos tentou lançar um assalto a um quartel da Guarda Nacional Nacional Bolivariana em Caracas.

Num vídeo divulgado antes da acção, no domingo, um homem que se identifica como sendo um sargento chamado Alexander Bandres Figueroa apela ao povo que saia às ruas para apoiar o grupo: "É hoje, é hoje. Venham apoiar-nos. Esta luta é por ti, Venezuela."

A oposição a Nicolás Maduro, e em particular o novo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, tem apelado aos militares que se revoltem contra o Presidente. Acredita-se que os principais líderes militares estão ao lado do Governo venezuelano, pelo que os apelos à revolta têm sido direccionados aos soldados e oficiais de baixa patente.

Para aproveitar os sinais de que algo pode estar a acontecer nas ruas e nos quartéis da Venezuela, a Casa Branca aumentou a pressão sobre Maduro, pela voz do vice-presidente norte-americano.

"Ao mesmo tempo que o bom povo da Venezuela faz ouvir a sua voz, amanhã [esta quarta-feira], queremos dizer isto em nome do povo americano: estamos com ustedes. Estamos convosco, e estaremos convosco até que a democracia seja restaurada e que vocês reclamem o vosso direito à libertad", disse Mike Pence num vídeo partilhado na sua conta oficial no Twitter.

Horas depois, num artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, o vice-presidente dos Estados Unidos deixou claro que a Casa Branca não reconhece Maduro como Presidente da Venezuela, e que o escolhido para vestir essa pele é o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó.

"A crise na Venezuela vai piorar até que a democracia seja restaurada. É por isso que os Estados Unidos apoiam a Assembleia Nacional e o sr. Guaidó. Nicolás Maduro não tem legitimidade para se manter no poder. Nicolás Maduro tem de se ir embora", disse Pence.

Estas declarações do vice-presidente norte-americano "ficaram a um passo de ser um reconhecimento formal de Guaidó como Presidente interino" da Venezuela, disse ao jornal New York Times o antigo diplomata John D. Freelay, actual consultor da cadeia de televisão Univision.

"Nada nos intimida"

Em resposta, o Presidente venezuelano deu instrução ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreza, para iniciar "uma revisão total e absoluta das relações com o Governo dos Estados Unidos", adiando uma decisão final para "as próximas horas".

Na mesma comunicação, Maduro disse que não se deixa intimidar pela "ameaça imperialista".

"Nada nos intimida, porque estamos decididos a dar a nossa vida pelo futuro da Venezuela, pelo povo heróico da Venezuela. Estamos decididos a batalhar", disse o Presidente venezuelano.

Nicolás Maduro tomou posse no dia 10 de Janeiro para mais um mandato de seis anos como Presidente do país, depois de umas eleições boicotadas pela maioria da oposição e consideradas irregulares por vários países da região e do resto do mundo.

Juan Guaidó foi confirmado como novo presidente da Assembleia Nacional no dia 5 de Janeiro, e no dia 11 foi eleito pela maioria dos deputados da oposição como Presidente interino do país.

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