Sara e Tristana

Conhecer as minhas duas filhas foi sempre bom mas é desde que se tornaram adultas que o prazer tem sido espantoso.

As filhas são sempre filhas e o pai é sempre pai mas há momentos — longas horas às vezes — em que rimos tanto que se esquecem os parentescos.

Passei uma tarde de domingo com a Sara e a Tristana em que nos fartámos de rir. E dei comigo a pensar: que sorte que eu tenho de conhecer estas pessoas tão divertidas e interessantes, ser amigo delas e ter a amizade delas.

Elas são muito diferentes (nenhum pai de gémeos acrescenta “apesar de serem gémeas idênticas") mas têm o mesmo sentido de humor. A Maria João também tem — por isso não é genético. É uma sorte. É uma lata e uma maldade também.

É libertador ouvi-las a falar do que lhes apetece. Juntam-se quatro mestres cortadores de casacas e deliciam-se uns aos outros porque sabem que ninguém se chocará: são inchocáveis.

Falamos como filhos e pais e mães de filhos, filhas e netos e netas. Tentamos — e conseguimos, um bocadinho — aliviar as dores e os medos uns dos outros.

Mas falarmos como pessoas, de igual para igual, é o melhor. Conhecer as minhas duas filhas foi sempre bom mas é desde que se tornaram adultas que o prazer tem sido espantoso.

Claro que somos parecidos (ele disse com um orgulho inescondível) e que isso ajuda à festa mas o riso convulso e deliciado não se pode fingir — não mente. É assim que as pessoas crescidas se divertem, se tiverem a sorte de conseguirem divertir-se.

A Tristana e a Sara hoje fazem anos e todos os anos tenho mais não sei quantas razões para lhes dar os parabéns. São aqueles parabéns que dá quem tem sorte, amor e gratidão.

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