Toby Price voltou a provar que vencer o Dakar é para os duros

Foi o segundo triunfo do motard australiano e o 18.º para a KTM. Nos automóveis, o qatari Nasser Al-Attiyah confirmou o favoritismo, ganhando pela terceira vez e oferecendo à Toyota a sua primeira vitória.

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Toby Price LUSA/ERNESTO ARIAS

Foi ainda com o pulso direito ligado que Toby Price (KTM) venceu nesta quinta-feira a 10.ª e última etapa da categoria de motos da edição deste ano do Dakar — 112km cronometrados de um total de 247, entre Pisco e Lima, no Peru. Nada melhor para marcar aquele que foi o seu segundo triunfo na mais exigente prova de todo-o-terreno do mundo, depois do alcançado em 2016.

O mês passado, enquanto se treinava para o Dakar, Price fracturou o osso escafóide da sua mão direita. Uma lesão suficientemente grave para o obrigar a uma cirurgia, mas não ao ponto de o afastar da prova que ambicionava ganhar. Na verdade, o caso era quase só um arranhão para quem, em 2013, durante uma competição no deserto do Mojave, nos EUA, partiu três vértebras em mais uma queda, que quase o deixou paraplégico.

Na altura, Price resistiu, tal como o fez agora numa prova que, desde 1979, já fez 70 mortes e em que, dos 28 competidores falecidos 19 foram motards. Em 2017, um ano depois da sua primeira vitória no Dakar — alcançada logo na sua segunda participação — Price esteve perto de ver o seu nome incluído no das vítimas fatais. Nos quilómetros finais da quarta etapa, que ligava San Salvador de Jujuy e Tupiza, e numa altura em que seguia na frente, o motard embateu com uma pedra a mais de 90km/h, caindo desamparado no chão. Foi transportado de helicóptero para La Paz, capital da Bolívia, onde foi operado ao fémur esquerdo, partido em quatro pontos diferentes. Resistiu, recuperou e decidiu participar no Dakar seguinte sem ter disputado qualquer prova. Mesmo assim foi terceiro.

Este ano, o seu principal adversário foi o chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna). Segundo da classificação geral à partida para a derradeira etapa, e com apenas 1m02s de desvantagem para Price, o motard sul-americano iniciou a tirada ao ataque mas, após apenas 10km, caiu e lesionou-se num pé, terminando em esforço e com 19m44s de atraso em relação a Price. Demasiado para segurar o segundo lugar da geral, que acabou por perder para Matthias Walkner (KTM), e também o terceiro, pois já depois do final da corrida, a organização do Dakar decidiu retirar a penalização de uma hora que, na véspera tinha imposto ao britânico Sam Sunderland (KTM) — a marca austríaca prolongou assim por mais um ano o seu domínio no Dakar, conseguindo não só vencer pela 18.ª vez consecutiva, mas também o pleno no pódio.

Nos automóveis, Nasser Al-Attiyah, que só cedeu a liderança da classificação geral na segunda etapa, confirmou o seu favoritismo e ofereceu o primeiro título à Toyota, na oitava participação do fabricante nipónico no Dakar. O piloto, natural do Qatar, assegurou de forma folgada o seu terceiro triunfo na prova, depois de ter vencido também em 2011 e 2015, e de ter sido segundo em 2010, 2016 e 2018.

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