Ministério da Saúde chama enfermeiros para nova reunião. Sindicatos suspendem "greve cirúrgica"

Os vários sindicatos de enfermeiros foram convocados para uma reunião com elementos do Governo das áreas da Saúde e das Finanças, na quinta-feira.

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adriano miranda

O Ministério da Saúde convocou os sindicatos dos enfermeiros para uma reunião na quinta-feira. Esta era uma das condições que impunham para suspender a greve nos blocos operatórios, cujo arranque estava marcado para segunda-feira. Os sindicatos já fizeram saber que, por ora, o protesto está suspenso. 

Fonte oficial do gabinete da ministra da Saúde adiantou neste sábado à agência Lusa que os sindicatos de enfermeiros foram convocados para uma reunião com elementos do Governo das áreas da Saúde e das Finanças. O encontro, que ficou agendado para as 17h00 da próxima quinta-feira, em Lisboa, deverá contar com a própria ministra da Saúde, Marta Temido.

No final da reunião de negociações com o Governo, que decorreu na sexta-feira, a dirigente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite, adiantou que os sindicatos tinham decidido manter a "greve cirúrgica", que fora convocada entre 14 de Janeiro e 28 de Fevereiro. Admitiam, contudo, desconvocá-la, caso o executivo marcasse uma nova reunião negocial para o dia 17 de Janeiro, o que agora se verificou.

Já neste sábado, após o anúncio do ministério, Carlos Ramalho, do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), declarou ao PÚBLICO: "Vamos suspender a greve até ao dia 17, uma vez que o Governo mostrou abertura para continuar a negociação. Mantemos as nossas expectativas e queremos fazer esse gesto de boa-vontade para que as negociações decorram sem pressão." Quinta-feira, logo se verá se a greve é para avançar.

Lúcia Leite, por sua vez, afirmou à Lusa: "Neste momento, queremos mostrar que estamos disponíveis para chegar a um entendimento. O Governo cumpriu a sua palavra. Nós, de boa-fé, mantemos a suspensão [até quinta-feira]. Se a greve acontece ou não depende dos resultados da reunião que vai acontecer." 

Falta memorando

Na reunião da última sexta-feira, os sindicatos não conseguiram que o Governo assinasse o memorando de entendimento proposto. A ronda negocial relativa à carreira de enfermagem resultou em algumas cedências aos profissionais, como a criação da categoria de enfermeiro especialista e o descongelamento das progressões na carreira, mas nem todas as reivindicações foram atendidas. Os sindicatos exigem também aumentos salariais e a antecipação da idade da reforma. A expectativa, dizem, é ter um documento assinado na próxima quinta-feira que comprometa o Governo em relação a todas as reivindicações. Sem isso, a greve não será desconvocada.

Referindo-se a declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, que na sexta-feira disse querer para os enfermeiros condições de equidade com outras profissões, mas sem pôr em causa a sustentabilidade das contas públicas, Lúcia Leite afirmou que os enfermeiros "não vão abdicar" dessa equidade.

A greve nos blocos operatórios que estava convocada para se iniciar na segunda-feira seguia o modelo da que já ocorreu entre 22 de Novembro e 31 de Dezembro e que teve origem num movimento de enfermeiros que lançou uma recolha de dinheiro numa plataforma online para ajudar a financiar os colegas durante a paralisação.

Na ocasião, a recolha de fundos atingiu 360 mil euros e neste sábado os enfermeiros voltaram a atingir o objectivo financeiro para a greve prevista para arrancar na segunda-feira, tendo a recolha de fundos ultrapassado os 400 mil euros pretendidos. A greve convocada poderá afectar blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares: os dois centros do Porto, Braga, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga, Tondela/Viseu e Garcia de Orta.

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