Consultora calcula que o mercado imobiliário comercial cresceu 74% em 2018

Mais de 90% dos investidores no segmento de escritórios foram estrangeiros, na habitação caem para 45%.

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Sector imobiliário deverá continuar a crescer. Nuno Ferreira Santos

O mercado imobiliário comercial em Portugal voltou a "superar recordes" face aos dados preliminares de um investimento de 3,3 mil milhões de euros, numa subida de 74%, na comparação homóloga, segundo números da consultora JLL Portugal, citados pela Lusa.

Nos resultados preliminares, a JLL sublinhou que o investimento em mercado imobiliário esperado para 2018 quase iguala a "soma do volume investido no acumulado" entre 2008 e 2014, incentivando a construção e a reabilitação nas grandes cidades, com destaque para Lisboa e Porto.

O retalho, com 45% do capital transaccionado em 2018, e os escritórios, com 24%, lideraram as preferências dos investidores, dos quais 94% são internacionais.

No retalho, registou-se a abertura de mais de 15.000 metros quadrados (m2) de nova área nas localizações prime (mais caras e prestigiadas) de Lisboa, com os preços na Avenida da Liberdade a serem de 90 euros m2/mês, no Chiado de 135 euros/m2/mês e na Baixa de 130 euros/m2/mês (+24%). Nos centros comerciais fizeram-se expansões ou renovações.

Nos escritórios, devem ser superados os 210.000 m2 de ocupação em 2018, mais 26% do que os 167.000 m2 ocupados em 2017 e apenas 9,5% abaixo do pico do mercado em 20 anos (observado em 2008).

Este melhor resultado em 10 anos não é ainda superior por falta de "oferta adequada aos principais requisitos da procura actual, focada em áreas de grande dimensão, em zonas centrais e próximas de transportes públicos", refere a JLL.

Citado no comunicado, o director geral da consultora, Pedro Lancastre, notou que os "fundamentais na base" dos resultados "já não surpreendem e reflectem a solidez da indústria, o bom desempenho da economia".

O país atrai e retém "investimento institucional em activos de grande porte, de investimento em promoção, na ocupação de escritórios ou na compra de casa", explicou Lancastre, acrescentando que "só a oferta é um constrangimento real a uma maior aceleração da actividade, por não conseguir ainda acompanhar a procura latente".

O responsável concluiu que actualmente há um "mercado imobiliário mais equilibrado, com maior diversidade e escala, onde existem e persistem mais fontes de procura, mais origens de investidores, mais perfis de promotores, num cenário económico favorável e num contexto onde há uma maior abrangência geográfica com emergência de destinos de investimento muito promissores, como é o caso do Porto".

No segmento da habitação, a consultora cita os dados do INE sobre vendas de habitação, nos primeiros nove meses do ano, cerca de 19% superiores a 2017, com os preços a acompanhar a dinâmica de vendas e reflectirem a falta de oferta, com um crescimento de 12% (INE, segundo trimestre). No caso de Lisboa, o segmento mais elevado registou valores entre os 10.500 euros m2 na Avenida da Liberdade e os 5.000 euros/m2 no Parque das Nações.

Segundo as vendas da JLL, os estrangeiros estiveram na origem de 57% do investimento e houve mais de 41 nacionalidades a comprar casa em Lisboa, Porto e Cascais, destacando-se os brasileiros (25%), os ingleses (13%) e os franceses (11%). Também se notou mais actividade dos compradores nacionais, graças à melhoria das condições económicas e ao aumento na concessão de crédito à habitação.

"A oferta apresenta agora uma maior dinâmica e diversidade, o que deverá corrigir os preços em 2019, com tendência para a suavização da subida, embora actualmente a maior parte do produto que surge se venda em planta", segundo a consultora.

No mercado hoteleiro, a JLL indicou seis transacções de activos hoteleiros, no valor aproximado de 200 milhões de euros e a abertura de sete hotéis em Lisboa, totalizando mais de 550 quartos, além da expansão de outras três unidades (+100 quartos).

No ano passado, a JLL esteve envolvida em operações com valor superior a 276 milhões de euros e que resultarão em projectos residenciais, de escritórios e turismo no total de 103.000 m2 de construção e um investimento agregado superior a 580 milhões de euros.

Para este ano, o director geral da JLL antecipou que o crescimento transversal se mantenha, com a "actividade transaccional e ocupacional a manter-se muito robusta e com os valores de venda e rendas a manterem uma tendência de subida, embora suavizada à medida que a nova oferta vá surgindo".

Além dos operadores activos, podem surgir os REITs (sociedades de investimento imobiliário), ganhar mais importância os portefolios de activos imobiliários e de crédito malparado detidos pela banca, assim como registarem-se investimentos nas áreas da saúde, desporto e residências especializadas.

"Bons fundamentais, portanto, mas aos quais é preciso adicionar um garante de estabilidade fiscal e legal. Nada tem maior capacidade de afastar investimento do que a incerteza", concluiu Pedro Lancastre.

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