Eleições no Bangladesh: 17 pessoas morreram, oposição fala em "farsa" e exige nova votação

Sheikh Hasina foi reeleita primeira-ministra por larga maioria.

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17 pessoas morreram em confrontos entre apoiantes do partido no poder e da opoaição Reuters
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A primeira-ministra depois de votar Reuters
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A BBC entrvistou uma famílai que foi votar apenas para perceber que os seus nomes já estavam riscados EPA
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Foram mobilizados 600 mil polícias e soldados Reuters
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A oposição do Bangladesh exigiu ontem a realização de novas eleições legislativas por considerar que que se realizaram neste domingo foram “uma farsa”. O ambiente foi de grande violência e pelo menos 17 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em confrontos entre apoiantes do partido no poder e da oposição.

Com a contagem dos votos quase concluída está claro que a primeira-ministra, Sheikh Hasina Wazed, é a grande vencedora, tendo sido reeleita para um terceiro mandato consecutivo por larga maioria, diz a imprensa local em línga inglesa. 

A sua principal rival, Khaleda Zia (Partido Nacionalista), foi presa por corrupção no início do ano e impedido de se candidatar; a oposição considerou que estas decisões tiveram motivações políticas. Kamal Hossain, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, foi o candidato ao cargo de primeiro-ministro por este partido.

A Comissão Eleitoral do país confirmou antes do encerramento das urnas que recebeu queixas sobre manipulação de votos “em todo o país” e anunciou uma investigação. Activistas políticos e observadores denunciaram também irregularidades graves.

“Pedimos à Comissão Eleitoral que invalide esta farsa de resultados”, disse Kamal Hossain, citado pela Reuters. Defende a constituição de um governo neutral para realizar nova votação.

Para o partido no poder, a Liga Awami, as acusações são falsas. “Por um lado, estão a fazer falsas acusações, por outro estão a atacar os funcionários do nosso partido e os líderes”, tinha dito Hasina à BBC, na sexta-feira. “Essa é a verdadeira tragédia deste país”.

A Liga Awami e o Partido Nacionalista do Bangladesh têm repartido o poder desde 1991, com excepção de um período de tutela militar, entre 2006 e 2008.

Jornalistas da BBC visitaram mesas de voto em todo o Bangladesh e recolheram testemunhos. “À medida que fomos de mesa de voto em mesa de voto, ficou claro que havia um padrão: os apoiantes da primeira-ministra respondiam às nossas perguntas em frente das câmaras. Os outros estavam quase sempre com medo”, lia-se no site deste canal.

Um homem disse que quando foi com vários membros da sua família votar verificou que já todos estavam marcados como tendo já votado. Não quis ser identificado.

Vinte e oito candidatos de formações da oposição retiraram-se da votação por terem sido intimidados. Em 2014, toda a oposição boicotou as eleições por considerar que não seriam justas.

O maior partido islamista do Bangladesh, o Jamaat-e-Islami, foi proibido de se candidatar a título individual e, num primeiro momento, integrou a coligação da oposição. Porém, ontem, e uma hora antes do fecho das urnas anunciou o boicote às eleições.

O Bangladesh, de 160 milhões de habitantes (cem milhões de eleitores) é um país de maioria muçulmana. Nas legislativas elegeram os 299 deputados do Parlamento. O país está a braços com os efeitos das alterações climáticas, com o crescimento da militância islamista e com uma pobreza tão endémica como a corrupção. 

Para o dia da votação foram mobilizados 600 mil forças policiais, mas a violência eclodiu.

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