Museu do Fado vai abrir uma oficina de guitarra portuguesa em 2019

Cumpridos os 20 anos do Museu do Fado em 2018, anuncia-se para o novo ano de 2019 uma oficina de guitarra portuguesa, mais discos e duas exposições, uma sobre a guitarra e outra sobre José Pracana.

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Guitarra portuguesa ENRIC VIVES-RUBIO
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Exposição do centenário de Maria Teresa de Noronha JOSÉ FRADE
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Vídeo comemorativo dos 20 anos do Museu do Fado JOSÉ FRADE

A sigla Fado Património Vivo serviu de mote às celebrações, em 2018, pelo Museu do Fado, dos seus 20 anos de existência (1998-2018), a par dos sete anos da classificação do fado como Património da Humanidade (UNESCO, 27 de Novembro de 2011), assinaladas com um espectáculo de videomapping e uma exposição temporária festejando o centenário do nascimento de Maria Teresa de Noronha (1918-1993), aberta até 27 de Janeiro de 2019.

Para o novo ano, o museu tem já várias iniciativas programadas e outras ainda em desenvolvimento. O que ficou para trás, porém, foi muito compensador, diz ao PÚBLICO a directora do museu, Sara Pereira: “As comemorações correram bastante bem. Apostámos num espectáculo diferente, um videomapping na fachada contando a história do fado em 12 minutos. Convidámos o Camané, o Carlos do Carmo, a Mariza e o José Manuel Neto a gravarem de propósito para este espectáculo, feito em parceria com o atelier Ocubo, que tem uma equipa muito jovem sem grande relação com o fado. Foi um desafio interessante, perceber como é que eles recebem estes legados, como é que os tratam e como se deixam entusiasmar.” Com três sessões por noite, teve mais de 20 mil visualizações online e no local cerca de cinco mil, porque a chuva não ajudou. “Viam o espectáculo lá fora, entravam para ver a exposição da Maria Teresa de Noronha e a projecção que no interior replica o mesmo ‘enredo’ do videomapping mas com outro formato (em formato circular).”

Guitarra portuguesa e José Pracana

Das actividades para 2019, há uma que sobressai: “Estamos a trabalhar na abertura da nossa oficina de construção de guitarra portuguesa, que vai ser inaugurada em 2019, nas imediações do museu.” E terá a participação das duas escolas tradicionais de construtores, diz Sara Pereira: “O Óscar Cardoso, que descende do Álvaro da Silveira, e a oficina do mestre Grácio. Terão espaços distintos. A obra está praticamente concluída.”

As exposições temporárias, nos últimos dois anos, têm sido diversificadas. Em 2017 houve Por Trás do Espelho Quem Está – Mísia por C.B. Aragão (Março-Abril) e Fados de Carlos Saura –​ 10 anos (Maio-Outubro), transitando para 2018 Outros Fados – Imagens Musicais (Novembro-Março), a que se sucederam O Maravilhoso Mundo da Música Mecânica (Maio-Outubro) e Maria Teresa de Noronha (Novembro-Dezembro, prolongada até 27 de Janeiro de 2019, mês em que será editada num caixa com seis discos a integral da fadista).

Para 2019, estão preparadas duas: “Queremos ter uma grande exposição sobre a guitarra portuguesa em si. Já fizemos uma com as guitarras do Óscar [Cardoso], agora queremos reunir as várias escolas e fazer uma exposição aqui e na oficina, isto no primeiro semestre. No segundo, será a vez da exposição do José Pracana, uma figura muito querida do fado.”

A par destas, existem exposições itinerantes, dentro e fora de Portugal. “Co-produzimos os festivais internacionais de fado em Espanha (Madrid, Barcelona, Sevilha) e na América Latina (Argentina, Colômbia, Peru, Chile), cada vez com mais público. Espanha foi o primeiro, em 2011, em Madrid, mas nos últimos anos tem havido uma aposta também nos mercados da América do Sul com resultados muito bons. Em três dias e três concertos temos quatro mil pessoas. E há sempre conferências e exposições, produzidas pelo museu, mas impressas localmente. O tema este ano foi a internacionalização do fado. Mas já houve temas como o fado e as mulheres, o fado e o cinema, o fado e as artes plásticas.”

Trabalho com escolas e novos discos

Há uma parte menos visível do trabalho do museu e que, segundo Sara Pereira, foi também “bastante desenvolvida” este ano: o programa educativo. “Temos cada vez mais escolas, um público cada vez mais jovem e temos uma oferta já bastante diversificada de ateliers, de teatro de sombras. Neste momento está a Catarina Anacleto [violoncelista] a trabalhar, muito entusiasmada, com as Sombronautas num projecto que diz que está lindíssimo. Há os Sons do Baú, as Sombronautas, os Pregões, oficinas adequadas ao Plano Nacional de Leitura. Uma oferta muito diversificada, com cada vez maior adesão das escolas.”

Noutra área, a da edição discográfica, o Museu do Fado tem vindo a ampliar os títulos com chancela própria. Começou em 2017, primeiro com o disco de estreia do guitarrista José Manuel Neto, Tons de Lisboa, e depois com Terços de Fado, de Tânia Oleiro. Seguiu-se, ainda no mesmo ano, um disco com gravações históricas do arquivo do museu, no âmbito da Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana da Cultura, Canções de Ida e Volta. Em 2018, foram publicados mais três títulos: O Fado por Máquinas Automáticas, ligado à exposição da música mecânica e ao respectivo catálogo (mas com venda autónoma), e os discos de estreia de Gaspar Varela (Gaspar) e de Francisco Salvação Barreto (Horas da Vida). Por fim, o CD+DVD Fandóziando –​ Fados, Mandós e Fantasias Entre Goa e Lisboa.

A estes sete títulos juntar-se-ão outros, já planeados, em 2019: “Haverá um disco de instrumentais com as guitarradas do Jaime Santos, que está a ser preparado pelo Eurico Machado, que é acompanhado à viola pelo filho do Jaime Santos; um da Matilde Cid; e um completamente distinto, de fado humorístico, do Manuel João Vieira, Fado Ao Lado.”

Conferências, conversas e concertos

No novo ano haverá ainda conferências e a continuação das Conversas do Museu (“foram um sucesso, queremos mantê-las”), enquanto Aldina Duarte mantém a sua comunidade residente: “É bimensal e faz parte da nossa oferta regular, como os cursos da escola. A nossa ideia é, no próximo ano, aprofundar toda a parte da guitarra portuguesa, até porque vamos abrir a oficina, e programar mais concertos instrumentais, também de guitarra.”

E haverá, como é hábito, os concertos do ciclo Fado no Cais, uma parceria com o Centro Cultural de Belém (CCB) iniciada em 2012: “É uma parceria que nos deixa bastante satisfeitos. Até porque, antes disso, o fado tinha uma presença bastante pontual no CCB. Hoje está no Grande Auditório, no Pequeno Auditório, temos os cursos do Rui Vieira Nery.” Até meio do ano, os nomes anunciado são: Ana Sofia Varela (19 Janeiro), Katia Guerreiro (15 de Fevereiro), Fado Celeste – Tributo a Celeste Rodrigues (21 de Março), Marco Rodrigues e Carlos Leitão (5 de Abril), Pedro Jóia (31 de Maio) e Isabelinha (20 de Julho).

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