Entrar na loja com uns Xuz antigos, sair com uma carteira nova

Carmo Alvim e Rita Pinheiro de Melo criaram a marca de calçado portuguesa Xuz-Handmade Lovers.

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Carmo Alvim (à direita) e Rita Pinheiro de Melo (à esquerda), são as fundadoras da marca de calçado Xuz Nuno Ferreira Monteiro

Há já algum tempo que as preocupações ambientais e de sustentabilidade chegaram ao mundo da moda. Marcas como a de calçado portuguesa Xuz-Handmade Lovers reutilizam o velho, transformando-o em novo. Esta marca lisboeta decidiu dar uma nova vida àquelas botas de cano alto que já foram o último grito da moda, mas que agora já não se usam e estão guardadas num canto do armário.

“Ou que têm as solas estragadas, por exemplo, e estão mesmo a pensar deitá-las ao lixo”, exemplifica Carmo Alvim, dona da marca de calçado, juntamente com a prima Rita Pinheiro de Melo. As duas decidiram avançar com a iniciativa "Re Use by XUZ", inspiradas no movimento upcycling que consiste no aproveitamento de objectos e materiais para criar novos produtos. “Reutilizamos ainda fivelas, fitas e outros materiais que sobraram de outras colecções para costurar a carteira de pele”, conta Carmo Alvim.

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Nuno Ferreira Monteiro

“Por 25 euros a cliente traz a bota que nos comprou e já não usa, e fica depois com uma carteira nova e personalizada, que é modelo único, porque nunca a iremos repetir”, continua, entusiasmada com a ideia que está a ganhar cada vez mais adeptas da marca. E que, inicialmente, ficou conhecida pelos socos que, há dez anos, lançou no mercado. 

A ideia dos socos de madeira surgiu do saudosismo dos tempos em que, com os seus 16 e 17 anos, Carmo Alvim e Rita Pinheiro de Melo calçavam uns do género. Certo dia, em conversa, as duas pensaram: “Por que não reinventar os socos?”, recorda Carmo Alvim. Nenhuma tinha experiência na área do calçado. Apenas a paixão. Carmo trabalhava na área financeira e a prima na produção televisiva. “Foi uma ideia louca que vai correndo bem”, diz, entre risos. 

Ainda pesquisaram sobre socos e descobriram que “havia uma grande tradição de calçado em madeira em Portugal, como os tamancos”, lembra. Aqueles mesmo que se vêem calçados nos bailarinos dos ranchos folclóricos, por exemplo. Depois foram bater às portas de várias fábricas e conseguiram confeccionar os primeiros da marca com fivelas e fitas atrás para não fugir dos pés.

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Nuno Ferreira Monteiro

As ideias começaram a fumegar e as duas empresárias avançaram, mais tarde, para a criação de botas rasas e de tacão alto com solas feitas de madeira. Seguiram-se, no Verão seguinte, sandálias também com sola de madeira. Alguns anos depois, Carmo e Rita acrescentaram ao portfólio botas, botins e mocassins, de solas feitas de madeira e ainda de outros materiais. “Procuramos sempre seguir as tendências da moda, aliando alguma irreverência, conforto e materiais genuínos”, afirma a empresária. 

Hoje a marca produz em fábricas de Barcelos, Felgueiras e de São João da Madeira, dependendo do tipo de calçado. Não tem loja física própria, mas vende em vários pontos do país e online. O calçado pode custar entre 70 euros, no caso dos socos, e 160 euros, uns botins. 

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