Casa de João Cutileiro acolherá residências artísticas e actividades de investigação

Doação ao Estado do atelier do escultor e de parte do seu espólio foi formalizada esta tarde em Évora.

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O escultor José Cutileiro no seu atelier, em 2005 ANTÓNIO CARRAPATO

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmou esta quarta-feira em Évora que a casa-atelier de João Cutileiro (Lisboa, 1937), cuja doação ao Estado foi agora formalizada, vai albergar no futuro residências artísticas, workshops e actividades de investigação. A doação oficializada no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, onde o escultor foi agraciado com a medalha de mérito cultural, inclui também uma parte significativa do seu espólio.

"O João Cutileiro já há alguns anos tinha manifestado uma intenção muito generosa de doar parte do seu espólio [mais de 700 obras] e – mais ou tão importante – a sua casa para que aqui possa projectar-se o futuro", assinalou a governante.

O espaço, adiantou Graça Fonseca, vai receber residências artísticas e vai ter "ateliers abertos para alunos, professores e investigadores nacionais e estrangeiros". "Temos a oportunidade de, com ele, construir o projecto de montar as residências artísticas, definir a utilização do atelier por alunos e professores e organizar o arquivo para que possa também ser utilizado por investigadores para a criação de novos projectos", destacou ainda, salientando que o trabalho será feito em parceria com a Universidade de Évora e com a autarquia.

Na sua intervenção durante a cerimónia, o escultor João Cutileiro, fisicamente debilitado, agradeceu a homenagem e citou uma estrofe do poema Canção de Guerra, de José Régio. Antes, em declarações aos jornalistas, Cutileiro reconheceu que este era um dia "mais ou menos" especial, mas considerou que "é muito chato doar uma coisa ao Estado", por implicar "muito trabalho" e "burocracia".

Questionado sobre o futuro do seu espólio e da sua casa, situada em Évora, o escultor frisou que essa responsabilidade "agora é com os outros", sublinhando que "uma das razões" pelas quais fez a doação foi para se "poder ver livre" delas.

"Se eu tivesse alguma ideia [sobre o futuro] ficava muito desiludido por ela não ir para a frente, assim é o que eles quiserem", notou, indicando que se não tivesse feito a doação os seus filhos "ficavam encravados e não faziam mais nada na vida".

A ministra considerou que este "é um projecto extraordinário de uma homenagem justa a um grande artista português", sustentando que João Cutileiro "tem uma longa carreira nas artes plásticas" e "é um dos grandes escultores do século XX".

"Tudo faremos, a partir de hoje, com o mesmo empenho que o fizemos nos últimos dois meses, para que aquela doação do João Cutileiro e, acima de tudo, esta generosidade que queremos transmitir a outros artistas, sirva para aquilo que está no espírito do João Cutileiro, que é trazer novos artistas", vincou.

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