Assunção Cristas a mostrar "um país preso por arames"

CDS colocou sinais de perigos em várias estradas do país

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LUSA/Carlos Barroso
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Com o desabamento da estrada de Borba soou o alarme. Quantas vias estarão em perigo? O CDS pegou no tema e foi para o terreno para assinalar as vias degradadas. Ontem, a líder do partido e outros dirigentes estiveram em 12 locais em todo o país. “A acção serve para ilustrar aquilo que o CDS tem vindo a dizer: há uma carga fiscal máxima e serviços mínimos”, disse ao PÚBLICO Assunção Cristas, no regresso do IP6 (que liga a A8 a Peniche), que tem parte do piso abatido há quase um ano.

A líder do CDS esteve no arranque deste périplo em que, tal como deputados e dirigentes noutros locais, colocou o sinal de perigo com a inscrição “Esta estrada está um perigo. Até quando sr. primeiro-ministro?”. Este sábado foram assinaladas 12 vias que precisam “urgentemente de obras” em concelhos de todo o país, entre os quais está Penacova (IP3), Santarém (Encosta da Porta do Sol – Queda de Pedra), Sertã (Nacional 238), Lisboa (segunda circular, sentido Benfica), Amarante (Nacional 210), Alcácer do Sal (IC1), Algarve (Nacional 125, zona do Sotavento Tavira), Chaves (Estrada Regional 314 Chaves – Murça).

Até ao final do ano outras vias (estradas, ferrovias e pontes) serão apontadas como perigosas pelos centristas. Uma das preocupações em Lisboa é a 25 Abril que tem problemas identificados “desde o final de 2015” e em relação aos quais o Governo “não fez absolutamente nada”, referiu a líder do CDS. No início deste ano, um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LNEC, pedia obras urgentes, mas Assunção Cristas lembra que “até agora essa intervenção ainda não feita e já passou um ano”.

A escolha das vias assinaladas pelo CDS resulta de trabalho interno do partido. Depois do acidente de Borba, o CDS pediu, através de pergunta parlamentar, ao Governo uma lista de todas as infra-estruturas críticas e o respectivo plano de acção, mas ainda não recebeu resposta. A bancada parlamentar marcou, entretanto, para a passada quarta-feira uma interpelação ao Governo sobre o tema. Este sábado arrancou a terceira frente da pressão centrista sobre o Governo: uma iniciativa no terreno, que é a terceira do género que é sincronizada a nível nacional, depois das linhas férreas e dos combustíveis.

“Queremos chamar a atenção para os problemas nacionais que têm a ver com as opções políticas do Governo e com a contradição de anunciar que acabou com a austeridade quando ela é visível”, afirma Assunção Cristas, apontando que ao assinalar estes pontos negros o CDS mostra que há “um país preso por arames”.

A quase nove meses de eleições, o CDS começa a endurecer o discurso de oposição ao Governo ao mesmo tempo que se distancia do PSD e até da Aliança de Santana Lopes. Esse tom foi assumido por Assunção Cristas, esta quinta-feira à noite, no jantar de Natal do partido, quando atacou o primeiro-ministro por “atirar as culpas para quem está a reivindicar” e assim demonstrar “não ter carácter, não ter palavra”. No mesmo discurso, a líder do CDS colocou o seu partido como a “única alternativa segura” a um Governo PS, uma das ideias que será um dos traços essenciais da pré-campanha eleitoral. Para chegar até lá, Assunção Cristas não poupa o PSD (sem nunca o nomear) por ser o “partido da colaboração” que se dispõe a “dar a mão ao PS para se libertar da esquerda”. E até o novo partido de Santana Lopes é visado por ser também considerado “o partido da colaboração”, já que não diz “de forma cristalina” que “não dá a mão ao PS”. No centro-direita, os partidos partem desavindos para a campanha eleitoral. 

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