PJ detém suspeito de 160 crimes informáticos por clonar cartões multibanco

A informação que o arguido conseguia através destes dispositivos era depois partilhada com outros indivíduos, sediados fora de Portugal.

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Andreia Patriarca

A Polícia Judiciária deteve um homem suspeito de 160 crimes de burla informática e associação criminosa por ter instalado dispositivos em máquinas multibanco para capturar dados das bandas magnéticas e códigos de acesso para clonagem de cartões e levantamentos.

Em comunicado, a PJ explica que o homem, um estrangeiro de 40 anos, é suspeito dos crimes de burla informática, falsidade informática e associação criminosa, factos que terão tido o seu início durante o passado mês de Novembro. Segundo a PJ, a informação que o arguido conseguia através destes dispositivos era depois partilhada com outros indivíduos, sediados fora de Portugal, com vista à concretização de movimentos bancários internacionais.

O homem recorria à colocação de micro-câmaras nas máquinas multibanco para detectar os códigos dos cartões introduzidos pelos clientes. Por outro lado, o mesmo suspeito colocava por cima das ranhuras através quais se introduz o cartão na máquina outros equipamentos muito semelhantes aos originais, mas que permitiam copiar-lhe a banda magnética.

Quer as câmaras quer os restantes equipamentos passam de tal forma despercebidos que enganam até mesmo os funcionários bancários, que chegam a usar as máquinas pirateadas. E a sua colocação também se revela fácil, pelo menos para este tipo de profissionais: fazem-no em poucos minutos, com a ajuda de fita-cola, tesoura e super-cola. Nem todas as máquinas multibanco contam com videovigilância. Para evitar ser vítima deste tipo de burla, a Judiciária deixa um conselho: tapar sempre com os dedos a digitação do código. Sem código, a clonagem do cartão revela-se inútil para os criminosos.

O valor desta fraude terá ultrapassado os 15 mil euros, muito embora só tenha conseguido levantar quatro mil euros com os cartões clonados. O diferencial entre os dois valores explica-se pelas tentativas falhadas que fez de levantar dinheiro das contas das vítimas. A maioria das clonagens foram feitas no Porto, tendo os levantamentos abusivos sido efectuados em Lisboa, para despistar as autoridades. 

Na operação, da responsabilidade da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), foram aprendidos vários produtos, dispositivos e software, utilizados para concretizar este tipo de crime. Foram igualmente detectados "ficheiros contendo um elevado número de dados de cartões bancários de vários países", indica a PJ.

Na detecção da montagem dos dispositivos, a investigação contou com a colaboração da SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços), o que "permitiu uma acção rápida sobre uma multiplicidade de ocorrências tendentes à captura de dados de cartões de débito e crédito", acrescenta o comunicado.

O detido será presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.

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