Trabalhadores da RTP aprovam greves sectoriais - só falta definir data

Caderno de encargos exige aumentos salariais de pelo menos 4% e a regularização dos precários mas a contra-proposta é de aumentos abaixo da inflação. Administração emitiu despacho em que confirma a nova estrutura da direcção de Informação da TV, mas com ressalvas sobre as directoras-adjuntas Cândida Pinto e Helena Garrido

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Gonçalo Reis, Presidente do Conselho de Administração da RTP Miguel Manso

O plenário de trabalhadores da RTP que se realizou ao início da tarde desta quarta-feira na estação pública aprovou a marcação de greves sectoriais na empresa. A intenção é exponenciar os efeitos da paralisação alternada de alguns serviços que estão interdependentes. A data e a duração da paralisação serão decididas por um comité de greve que será agora constituído.

Os trabalhadores cumprem assim a ameaça de fazerem greve que deixaram há algumas semanas também em plenário, quando aprovaram um caderno reivindicativo que levaram ao conselho de administração. Mas a maior parte dos seus pedidos não teve resposta positiva do presidente Gonçalo Reis, com quem os vários sindicatos representativos dos trabalhadores, pelo que a greve deverá ser marcada para os próximos dias.

No encontro de terça-feira (dia 11) com os sindicatos, a administração fez uma contra-proposta em que não aceita algumas reivindicações e acede apenas parcialmente a outras. A resposta unânime dos nove sindicatos foi que a proposta fica "muito aquém do aceitável". Por exemplo, a proposta da equipa liderada por Gonçalo Reis para os salários fica abaixo da inflação, contam os sindicatos em comunicado, que acrescentam que a administração foi "intransigente" e que afirmou não pretender avançar com mais nenhuma proposta.

O SMAV - Sindicato dos Meios Audiovisuais entregou no passado dia 3 de Dezembro no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social um pré-aviso de greve entre as 00h e as 24h com início no dia de ontem (11) e por tempo indeterminado, que abrange "todos os trabalhadores em todos os locais onde a RTP preste serviços".

No caderno reivindicativo que os sindicatos levaram à administração constam: aumento da tabela salarial do acordo de empresa em 4%, com um referencial mínimo de 50 euros; aumento de todas as outras cláusulas pecuniárias (por exemplo subsídios)na mesma percentagem dos salários; aumento do quoficiente de valorização da antiguidade de 0,75% para 1,5% para os trabalhadores que fiquem mais de seis anos no mesmo escalão; reposição do valor pago pelas horas extraordinárias no nível pré-troika; integração imediata nos quadros dos 130 precários com parecer positivo para essa entrada; revisão dos critérios dos 70 casos de trabalhadores sobre os quais a empresa mudou a sua avaliação durante o processo; seguro de trabalho para todos os que estão em regime de prestação de serviço.

O PÚBLICO tentou apurar junto do gabinete de Mário Centeno se o Ministério das Finanças tem uma data limite para dar a resposta ao pedido da RTP para fazer as contratações e o Governo respondeu que "não há prazo definido".

Cândida Pinto e Helena Garrido à espera do ok das Finanças

Entretanto, nesta quarta-feira, o conselho de administração decidiu o desenho final da nova estrutura da direcção de Informação de televisão, liderada pela jornalista Maria Flor Pedroso. E nela constam como directores-adjuntos António José Teixeira, Hugo Gilberto, Cândida Pinto e Helena Garrido. Porém, a nomeação destas duas últimas jornalistas está assinalada com a indicação "aguarda a finalização de todos os procedimentos". Ou seja, falta ainda a autorização das Finanças para a sua contratação.

A equipa de subdirectores é constituída por Alexandre Brito (com a pasta da informação multimédia), Joana Garcia (informação diária e RTP3), e Rui Romano (operações e produção de informação). Ficam também confirmadas as nomeações dos responsáveis pelas áreas da realização (Paulo Cardoso), da edição (António Nunes Ferreira) e da produção (Isabel Igreja).

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