Sindicato dos estivadores prolonga greve até 2019

SEAL prepara pré-aviso para que greve prevista até dia 1 de Janeiro continue por tempo indeterminado

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Greve às horas extraordinárias envolve somente os trabalhadores efectivos, que no porto de Setúbal são cerca de 10% do total LUSA/RUI MINDERICO

A greve às horas extraordinárias, apontada como último obstáculo ao acordo laboral para o Porto de Setúbal, vai continuar em 2019, assegurou o presidente do Sindicato Nacional dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL) aos trabalhadores eventuais que estão em luta há mais de um mês.

António Mariano disse, no plenário que esta segunda-feira juntou mais de uma centena de estivadores das duas empresas de trabalho portuário de Setúbal, que o SEAL vai fazer o pré-aviso para que a greve em vigor até ao dia 1 de Janeiro seja prolongada para além dessa data e por tempo indeterminado.

Esta greve que decorre paralelamente à paralisação dos estivadores eventuais, acabou por ser um elemento apresentado como determinante para o falhanço das negociações entre o SEAL e as empresas de trabalho portuários.

No final de Novembro, com os termos do acordo praticamente fechados – com entendimento para a contratação de 56 trabalhadores –, os patrões colocaram como última condição a suspensão da greve ao trabalho extraordinário e, perante a recusa do sindicato, responsabilizaram o SEAL pela falta de entendimento.

“O único obstáculo à conclusão de um acordo foi a intransigência dos representantes sindicais”, referiu na altura, em comunicado, a Operestiva, uma das empresas de estiva de Setúbal.

A greve às horas extraordinárias - que envolve somente os trabalhadores efectivos, que no Porto de Setúbal são cerca de 10% do total - é um protesto contra o que António Mariano diz ser a “perseguição” a filiados do SEAL nos portos de Leixões e do Caniçal (Madeira). Segundo o presidente do sindicato, estes estivadores têm sido alvo de processos disciplinares e são discriminados na remuneração mensal, inferior aos trabalhadores filiados noutros sindicatos.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, no passado dia 9, a ministra do Mar fez crer que o acordo para o Porto de Setúbal estava para muito breve. "Tem havido reuniões bilaterais entre a mediação e cada uma das partes, julgo que está a evoluir bem. A próxima reunião formal e pública será, com certeza, para fechar um acordo", garantiu Ana Paula Vitorino.

No entanto, o acordo não se concretizou durante a semana, e agora surge o sindicato a prolongar a greve que bloqueou a engrenagem.

Empresa escreve aos trabalhadores

A Operestiva, empresa de trabalho portuário que tem estado no centro do conflito laboral no porto de Setúbal, enviou uma carta aos seus trabalhadores eventuais, a pedir que informem se continuam a querer colaborar ou, caso contrário, que devolvam a farda.

“Gostaríamos de voltar a ter o porto de Setúbal operacional, pelo que lhe solicitamos que nos confirme, por escrito, até ao próximo dia 14/12/2018, que podemos contar com a sua disponibilidade para o trabalho, para a próxima etapa de vida da Operestiva”, refere a missiva enviada em carta registada.

Os trabalhadores, ouvidos pelo PÚBLICO, têm optado pela posição de não responderem às cartas.

Entretanto, a propósito desta carta, que começou a chegar ontem aos estivadores, o sindicato acusa a empresa de “insistir no assédio aos trabalhadores”.

A paralisação do Porto de Setúbal dura há 38 dias e mantém a movimentação de carga totalmente nula nos quatro terminais portuários. No terminal "ro-ro", onde são despachados os carros produzidos pela Autoeuropa, a maior exportadora nacional, houve apenas um navio que furou o bloqueio imposto pela luta dos estivadores.

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