Num ano, as bicicletas da Gira fizeram um milhão de viagens

Um ano depois de a Gira ter saído à rua, e de acordo com a EMEL, existem 18.500 utilizadores com passes anuais. Setembro foi o mês de maior sucesso entre os ciclistas.

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Um ano volvido, as bicicletas da gira fizeram um milhão de viagens SEBASTIÃO ALMEIDA

A rede de bicicletas Gira, lançada em Setembro do ano passado, já registou um milhão de viagens pelas ruas de Lisboa. Actualmente, segundo dados da EMEL (a empresa municipal que gere o estacionamento da cidade e que explora a rede de bicicletas em parceria com a câmara), existem 18.500 utilizadores com passes anuais.

Em Setembro, o mês com mais utilizações desde que o serviço foi implementado, registaram-se 141 mil viagens, um valor muito acima dos números registados no mesmo mês de 2017, que rondavam as quatro mil deslocações. Em Outubro e Novembro, o número diminuiu para 135 mil e 120 mil viagens, respectivamente. 

O projecto, delineado em Junho de 2017, faz parte de “um repensar da mobilidade na cidade” e de uma tentativa de a tornar “mais sustentável, social, ambiental e economicamente”, diz a empresa. Mais do que tudo, a EMEL pretende “mudar mentalidades e sensibilizar as pessoas para a necessidade de reduzir os 370 mil carros que todos os dias entram na capital”. 

Segundo o Inquérito à Mobilidade realizado pelo INE nas duas áreas metropolitanas em 2017, e divulgado na semana passada, no concelho de Lisboa a bicicleta é usada em 0,6% do total das deslocações, um pouco acima dos 0,5% de toda a  Área Metropolitana de Lisboa (AML).

Apesar do crescente número de utilizadores e viagens, a escassez de bicicletas continua a ser um problema com que os ciclistas se debatem. Em Outubro, o PÚBLICO noticiava a falta de equipamentos nas docas e o estudo da expansão para concelhos limítrofes e criação de contas familiares.

Na altura, Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade, explicou que o município contratava bicicletas à empresa Órbita e que competia à fabricante garantir a disponibilidade dos equipamentos, coisa que não estava a acontecer até então. A Órbita, quando contactada, preferiu remeter declarações para outro momento mais oportuno. Até hoje, não se pronunciou sobre as críticas apontadas pela câmara.

A primeira fase das Gira prevê a instalação de uma doca em Algés, já no concelho de Oeiras. Há também o desejo de alargar a rede aos concelhos vizinhos de Odivelas e Amadora. O vereador anunciou ainda, em entrevista ao PÚBLICO, que a empresa de gestão de mobilidade e estacionamento estaria a trabalhar na criação de contas familiares, para que fosse possível reduzir-se o limite de idade de utilização e para que os responsáveis dos menores possam autorizar a utilização das bicicletas.

Bruno Gonçalves, de 25 anos, é um dos muitos utilizadores com passe anual. Começou a utilizar o serviço nos meses de Verão, mas desde então que se mantém fiel à bicicleta. “Estou relativamente satisfeito com o serviço”, considera. “Fazia imensa falta à cidade”. Porém, o jovem aponta “que ainda há poucas estações e que faltam também mais ciclovias”. Na sua área de residência, na Estrada da Luz, pertencente à freguesia de São Domingos de Benfica, vê-se obrigado a subir até à Rua Tomás da Fonseca, já perto de uma das entradas do Estádio Universitário de Lisboa, sempre que quer usar uma Gira.

O jovem diz ainda que se tem deparado com algumas ciclovias “em mau estado”, mas que a rede de bicicletas partilhadas, em última instância, “facilita a vida dos cidadãos”.

O orçamento municipal para 2019 assegurou 12,3 milhões de euros para a construção de ciclovias que, entre as mais relevantes, farão a ligação entre o planalto central e as Olaias, entre a Praça de Espanha e Sete Rios, na Avenida da Índia, na Rua Conde de Almoster, na Estrada da Luz e na Alameda das Linhas de Torres.

No final de Outubro e após um ano de Gira a pedalar nas ciclovias, registavam-se 136 incidentes, dos quais resultaram 44 feridos sem gravidade. A PSP, na sequência de uma política de prevenção rodoviária, levará a cabo até domingo, na AML, uma acção de fiscalização do cumprimento das normas para utilizadores de trotinetes e bicicletas. Esta iniciativa pretende diminuir as infracções e, consequentemente, “a redução no número de acidentes rodoviários”.

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