Banco Mundial destina 176 mil milhões de euros ao combate às alterações climáticas

Os líderes do Banco Mundial alertam que o número de refugiados climáticos e pessoas em situação de pobreza aumentará ao mesmo ritmo que a temperatura global sobe. A organização reafirma assim o seu compromisso com o Acordo de Paris, que está agora em discussão na COP24.

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Um dos objectivos do fundo é combater as emissões de dióxido de carbono de forma sustentável ATEF SAFADI/Lusa

O Banco Mundial revelou nesta segunda-feira que tem preparado um investimento de 200 mil milhões de dólares (176 mil milhões de euros) para combater as alterações climáticas. O fundo será aplicado entre 2021 e 2025 e corresponde ao dobro do financiamento que está a ser aplicado actualmente. O anúncio do investimento coincide com a conferência da ONU para o clima (COP24), que junta cerca de 200 países na cidade polaca de Katowice.

“As alterações climáticas são uma ameaça existencial mundial para os mais pobres e mais vulneráveis”, comentou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, citado pelo jornal britânico The Guardian. Também a directora-executiva da organização, Kristalina Georgieva, referiu que “as pessoas estão a perder as suas vidas e os seus meios de subsistência por causa dos efeitos catastróficos das alterações climáticas”, argumentando que é preciso “lutar contra as suas causas, mas adaptar-se às consequências”.

O financiamento de 176 mil milhões de euros é bipartido: metade provém directamente do Banco Mundial e outra metade é dividida entre duas agências do grupo e de fundos privados.

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Protesto em Bruxelas a exigir que as autoridades tomem medidas para combater as alterações climáticas FRANCOIS WALSCHAERTS/REUTERS

“Se não reduzirmos as emissões e criarmos medidas de adaptação agora, em 2030 teremos mais 100 milhões de pessoas a viver em situação de pobreza”, afirmou à agência AFP o responsável pela pasta do aquecimento global no Banco Mundial, John Roome. E refere que, se nada for feito, existirão ainda 133 milhões de refugiados climáticos, pessoas forçadas a sair das suas terras-natal por causa das alterações climáticas.

Em 2018, o Banco Mundial dedicou 20,5 mil milhões de dólares (cerca de 18 mil milhões de euros) ao combate às alterações climáticas, cumprindo a meta que foi estabelecida no Acordo de Paris – mas o grupo decidiu que precisava de dar um contributo maior. O objectivo do Acordo de Paris, que está agora no cerne do debate na COP24, é fazer com que a comunidade internacional se comprometa a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e, com isso, limitar a subida da temperatura bem abaixo dos dois graus Celsius até 2100 em relação aos níveis pré-industriais.

O acordo prevê ainda a tentativa de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius em relação a esses níveis pré-industriais. A ONU publicou um relatório no final de Novembro em que referia que o compromisso internacional não estava a ser cumprido por todos os países, levando a que as emissões de dióxido de carbono tenham aumentado pela primeira vez em quatro anos – no relatório alertava-se ainda para a necessidade de os governos serem mais ambiciosos, devendo triplicar esforços para atingir as metas do Acordo de Paris. 

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David Attenborough na COP24 (é a 24.ª edição da conferência) KACPER PEMPEL/REUTERS

Na cerimónia de abertura da COP24, nesta segunda-feira, o naturalista britânico David Attenborough foi peremptório ao afirmar que as alterações climáticas são a maior ameaça que a humanidade enfrentou nos últimos milhares de anos. “Se não agirmos, o colapso das nossas civilizações e a extinção do mundo natural avistam-se no horizonte”, insistiu. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, corroborou e disse que o aumento da temperatura global é “uma questão de vida ou de morte”.

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