Gulbenkian vai ser Itinerante e espalhar colecções, orquestra e coro pelo país

Fundação lança no sábado um programa que até 2020 levará obras de arte do seu acervo e concertos dos seus agrupamentos residentes a várias cidades portuguesas.

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Isabel Mota, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Nuno Ferreira Santos

É um programa com a marca de um projecto histórico da fundação, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes, criado em 1958 e feito nos primeiros anos por carrinhas Citroën que levavam livros a todo o país. Agora, em vez de livros, serão a escultura, a pintura ou a música a viajar pelo território nacional, através de uma nova marca, a Gulbenkian Itinerante, que entra em cena já no sábado e é para manter até 2020.

A Gulbenkian Itinerante arranca oficialmente no sábado, dia em que será conhecida a sua identidade gráfica, com a inauguração da exposição Corpo e Paisagem, repartida entre o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (CACGM), em Bragança, e o Espaço Miguel Torga, em Sabrosa, e com comissariado de Jorge da Costa, director do CACGM. O programa que leva obras das colecções do Museu Calouste Gulbenkian e actuações do Coro e Orquestra Gulbenkian a várias cidades portuguesas trabalhará sempre assim, como explica ao PÚBLICO, por email, a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota: “A responsabilidade da curadoria foi deixada aos programadores de cada equipamento. Não é uma itinerância tradicional.”

Não existe um programa autónomo ou uma estrutura específica a trabalhar a marca Gulbenkian Itinerante, mas as equipas da fundação estarão disponíveis para colaborar, explica Isabel Mota. A ideia não é pôr a circular “exposições pré-concebidas”: partiu-se de uma pré-selecção, orientada pelo tema Atravessar culturas através dos tempos, e assim um diálogo de mais de um ano começou a dar frutos. “Ficou sempre claro que se privilegiariam obras em reserva e que se procuraria, sempre que possível, recuperar autores hoje menos recorrentes ou presentes”, ressalva a presidente da fundação.

Corpo e Paisagem vai mostrar em Trás-os-Montes obras de Almada Negreiros, Paula Rego, Ana Vidigal, Helena Almeida, Rui Chafes ou Thomas Wienberger, excertos da Colecção Moderna e aquisições de diferentes proveniências do fundador, Calouste Gulbenkian. Depois, Lugares, Paisagens, Viagens chegará ao Museu de Portimão a 8 de Dezembro, num projecto de “co-curadoria”, como descreve em nota o director do museu, José Gameiro, e que inclui obras de Teresa Dias Coelho e esculturas ou tapeçarias da colecção do fundador. Estão para já também previstas outras mostras no Centro de Artes de Sines (16 de Março), Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (6 de Abril) ou Palácio da Galeria de Tavira (23 de Novembro).

Este programa nasce num território onde existe já o programa de exposições itinerantes da Fundação de Serralves, com um catálogo de mostras especialmente concebidas para apresentação em espaços das autarquias fundadoras. Questionada sobre se a Fundação Gulbenkian quer voltar a estar mais presente no país, Isabel Mota frisa que “esteve sempre presente”, recordando as suas várias actividades nacionais.

A marca Gulbenkian Itinerante, que está a ser trabalhada desde “o sucesso” da exposição dedicada a Almada Negreiros em Lisboa, em 2017, envolve também a Orquestra Gulbenkian, que em 2019 actuará nas Caldas da Rainha, em Águeda, no Porto ou em Coimbra. Quanto ao Coro Gulbenkian, só tem previstas saídas internacionais: nos próximos tempos, irá a Espanha (Fundación Juan March, em Madrid; Sacra Capilla del Salvador, em Úbeda; e Auditório Adán Martin, em Tenerife) e a França (Palais de la Musique et des Congrès, em Bordéus).

“Desde o início do meu mandato que assumi como prioridade uma maior aproximação das actividades culturais às populações mais isoladas e distantes”, diz a presidente da Fundação Gulbenkian, referindo que “estão previstas novas actuações nacionais” do coro. Mas a instituição, lembra, é “internacional” e internacional deverá ser também a sua itinerância.

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