Do ciclo vitorioso de Rui Vitória para o ciclo pernicioso do Benfica

Os “encarnados” realizaram mais uma má exibição e despediram-se da Champions com uma derrota categórica com o Bayern Munique. Seguem agora para a Liga Europa.

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O Benfica perdeu em Munique LUSA/LUKAS BARTH-TUTTAS

Foi com uma goleada que o Benfica disse nesta terça-feira adeus à edição deste ano da Liga dos Campeões. A pesada derrota em Munique, por 5-1, perante um Bayern fragilizado pelas muitas lesões e pelo seu mau momento de forma, foi o epílogo lógico de mais uma exibição desinspirada dos “encarnados”, à semelhança de várias que têm acontecido ultimamente. Tal como na época passada, a equipa de Rui Vitória diz adeus à competição milionária de forma prematura e, desta vez, sai pela porta pequena em direcção à Liga Europa.

Falar de um Bayern Munique em crise talvez seja exagerado, face ao poderio da equipa alemã, com um historial imenso nas competições europeias e dominadora quase sem contestação nos últimos anos do futebol germânico. Mas a verdade é que o Benfica teve pela frente uma equipa que, por estes dias, ocupa um inabitual quinto lugar da Bundesliga, está a nove pontos do líder Borussia Dortmund e nos últimos quatro jogos tinha apenas ganho um. O suficiente para o treinador Niko Kovac ser contestado.

Só que o actual Benfica não está melhor. A equipa de Rui Vitória perdeu a garra, a inspiração e a confiança. Joga a medo. E tem um treinador que, neste momento, mais do que ser contestado, parece estar a perder aquilo que é absolutamente indispensável para o sucesso de um técnico: capacidade de liderança.

Antes do jogo para a Taça de Portugal, frente ao Arouca, Rui Vitória falou do início de um ciclo vitorioso. Uma declaração de risco, atendendo ao calendário que aí vinha, mas através da qual o técnico benfiquista tentava virar a página a uma série muito negativa, que se traduziu em quatro jogos consecutivos sem vitórias. A realidade, contudo, mostrou que, apesar dos triunfos frente a Tondela e Arouca, a equipa não saiu de um ciclo pernicioso de mau futebol. E ontem, perante um adversário com argumentos mais fortes do que os dois últimos adversários, todas as fragilidades do actual Benfica ficaram bem patentes.

A precisar de vencer e de marcar pelo menos dois golos para ainda alimentar o sonho de seguir até aos “oitavos” da Champions, o Benfica começou o jogo, em Munique, optando por uma estratégia cautelosa. A ideia era primeiro aguentar a previsível avalanche atacante do Bayern e depois tentar lançar rápidos contra-ataques para surpreender a defesa alemã, que até se vinha revelando bastante permissiva (nos últimos 12 jogos tinha sofrido sempre golos, com excepção das partidas com o AEK).

Só que, nem o Bayern começou o jogo com o pé no acelerador, nem o Benfica aproveitou essa passividade inicial dos germânicos para tentar a sua sorte. A ligação entre a linha média e os três homens mais avançados dos “encarnados” não se fazia e o futebol das “águias” era inconsequente.

Foi preciso surgir uma jogada excepcional de um jogador excepcional para abanar a partida. Robben passou por quatro jogadores do Benfica e inaugurou o marcador, deixando evidentes as fragilidades defensivas da equipa de Rui Vitória, que ruiu ao primeiro abanão. Grimaldo e Cervi estiveram uma lástima, facilitando o trabalho ao holandês, que repetiria a graça cerca de um quarto e hora depois.

O vencedor do jogo estava encontrado após meia-hora e pouco antes do intervalo ainda houve tempo para Lewandowski saltar mais alto do que os dois centrais do Benfica e fazer o 3-0, já depois de Vlachodimos ter salvado as “águias” de mais dissabores.

O Benfica não existia em campo e fez o primeiro remate à baliza de Neuer (mesmo assim frouxo e ao lado) aos 44’, por André Almeida.

Na segunda parte, um banalíssimo Pizzi ficou no balneário, entrando Gedson para o seu lugar, que logo no primeiro lance, tabelou bem com Jonas e reduziu a desvantagem.

Mas foi a excepção ao mau futebol do Benfica. Depressa regressou a passividade defensiva e a falta de intensidade ofensiva. Lewandowski voltou a ridicularizar Rúben Dias e Conti, no lance do 4-1. E Ribéry fixou o resultado final, deixando bem exposta a caricatura de equipa que o Benfica é por esta altura.

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