Tomás Correia: "Associação capitalizou a Caixa Económica sem gerar lesados"

A corrida à liderança da Associação Mutualista já começou, com a distribuição dos votos por correspondência pelos associados. O dia das eleições é 7 de Dezembro. Conheça as principais ideias da Lista A.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Na qualidade de candidato à liderança do grupo Montepio Geral, como é que encara a futura relação da AMMG com o supervisor, a ASF, quando entrar em vigor o novo estatuto?

A supervisão financeira da Associação Mutualista Montepio a cargo da ASF é um desejo que tem vindo a ser sublinhado pelos membros dos órgãos associativos, pelo menos, desde 2008. A candidatura institucional, representada pela Lista A, está certa que a Associação Mutualista Montepio [AMMG] está apta para iniciar a sua adaptação ao Regime Jurídico da Actividade Seguradora e Resseguradora, num período de transição de 12 anos, previsto no Novo Código Mutualista. A negociação desse plano com a entidade de supervisão é fundamental para o futuro do Montepio, porquanto exige conhecimento da actividade seguradora e das mutualidades, da estrutura do balanço e dos regulamentos de benefícios das modalidades mutualistas. Exige igualmente preparação técnica, responsabilidade e determinação, que só se encontram na experiência profissional comprovada e prática dos elementos que integram a candidatura institucional, representada pela Lista A.

Garante que todos os membros da sua lista candidata aos órgãos sociais cumprem na íntegra os critérios de registo prévio de idoneidade que permitem passar no crivo do supervisor?

A candidatura institucional, representada pela Lista A, de forma clara e inequívoca, afirma que todos os membros candidatos que compõem a sua lista cumprem com todos os critérios. Uma vez democraticamente eleitos pelos Associados (que, desta forma lhes conferirão o mandato de gestão), estarão aptos para desempenhar as suas funções. A candidatura institucional, representada pela Lista A, considera que qualquer interpretação da legislação em vigor, feita mesmo por principiantes, conclui facilmente que o que se tem propalado sobre esta matéria não tem qualquer fundamento.

Descontando o efeito do crédito fiscal de 808,6 milhões de euros, a AMMG teria fechado 2016 com capitais próprios negativos de 251 milhões de euros. E não teria apresentado, em 2017, lucros de 587,5 milhões de euros. O que sugere para sanear financeiramente o grupo mutualista?

Não há qualquer crédito fiscal. Seguindo as normas de contabilidade, foram apurados activos por impostos diferidos, por reporte fiscal e por diferenças temporais no provisionamento das reservas matemáticas que garantem as poupanças dos associados e a cobertura de contingências. Esses activos são propriedade da Associação Mutualista Montepio e, por isso, são sempre considerados nos resultados com efeito positivo. Aliás, como são consideradas as imparidades (efeito negativo) das participações financeiras na actividade bancária e seguradora que, uma vez estando a dar lucro (como já é um facto), iniciam um período de reversão, com o respectivo Resultado Positivo para a Associação Mutualista Montepio. O equilíbrio financeiro da Associação começa, portanto, pelas suas participadas, pelo seu equilíbrio e pela sua rendibilidade, sendo abusivo julgar o desempenho financeiro analisando apenas o período de grave crise financeira, económica e social que o país viveu nos últimos anos, que contrasta com o desempenho historicamente positivo ao longo de mais de 178 anos.

O principal activo da AMMG é a CEMG, que gera uma imparidade no balanço de 498 milhões de euros. O que propõe para reduzir o risco e a dependência da AMMG em relação ao banco?

A CEMG está a iniciar um ciclo de recuperação da sua rendibilidade, depois de ter cumprido um exigente período de capitalização. A Associação Mutualista Montepio mostrou-se competente quando capitalizou a sua Caixa Económica, sem nunca recorrer ao dinheiro dos contribuintes e sem gerar lesados, como infelizmente sucedeu noutras instituições, mantendo a sua propriedade nas mãos dos portugueses Associados. Portanto, passado o ciclo de grave crise financeira, económica e social que o país viveu nos últimos anos, está a iniciar-se um ciclo de recuperação da rendibilidade da CEMG. Deste modo, mitiga-se o risco de concentração, o que prova, como sempre provou na história da Associação Mutualista Montepio, que a CEMG é um activo estratégico, de grande relevância no garante da rendibilidade do património, e do relacionamento com os Associados.

Tendo em conta que a AMMG faz parte do subsistema complementar do sistema de segurança social, qual é o papel que a instituição, que se propõe liderar nos próximos três anos, deve desempenhar no contexto da economia social em Portugal?

O papel da Associação Mutualista Montepio enquadra-se na Secção III, art. 83 a art. 86 da Lei de Bases da Segurança Social (Regimes Complementares de Iniciativa Colectiva e Individual). A candidatura institucional, representada pela Lista A, considera que os desafios dos próximos três anos passam pelo reforço da oferta de modalidades de poupança e previdência, pela capacidade de adaptação e resposta às necessidades modernas das pessoas, pela oferta de modalidades, com complemento de protecção de saúde e da vida activa sénior. O Montepio é hoje o maior operador de Residências para Seniores em Portugal, que contempla a rede de cuidados continuados, residências assistidas, e assistência domiciliária, e dará continuidade ao desenvolvimento do seu Plano de Saúde que, já hoje, está disponível gratuitamente para todos os Associados.

A AMMG tem estado a perder associados. Desde 2015 deixaram o grupo mais de 10 mil associados. Que medidas propõe para suster a saída dos mutualistas da AMMG?

A análise exige prudência na apreciação, pois existem diversos factores que explicam a evolução da base associativa. A perda de associados em número ocorreu muito devido à alienação de carteiras de crédito habitação por parte da CEMG. Ora, com essa alienação, as modalidades mutualistas de protecção ao crédito deixaram de fazer sentido para os mutuários, o que levou à perda de vínculo associativo. A variação líquida negativa de crédito habitação foi desfavorável à captação de novos associados, fenómeno que está em fase de inversão. Outras perdas explicam-se com a redução da taxa de poupança em Portugal, que é historicamente baixa, como é do conhecimento de todos. Também a CEMG, como principal via de contacto com os Associados, experimentou um ciclo de gestão com deficiências, o que foi competente e prontamente corrigido, com a alteração do modelo de governo e a nomeação da nova equipa de gestão, em funções. A candidatura institucional, representada pela Lista A, considera que a inversão do ciclo de grave crise económica, financeira e social que o país atravessou, é favorável à retoma da tendência de crescimento da base associativa. A oferta Mutualista apresenta-se muito vantajosa e atractiva, como complemento ao regime público de segurança social, reforçada com os programas de vantagens e de experiências exclusivas para Associados, e com a oferta na Saúde, Residências Sénior e Residências para Estudantes. Por isso, a candidatura institucional, representada pela Lista A, propõe-se dar continuidade a esse trabalho desenvolvido, incrementando a importância da Associação Mutualista Montepio na Economia Social em Portugal.

A entrevista foi feita por email e as respostas foram exactamente as mesmas para todos os candidatos. Conheça as ideias das outras listas B e C nos textos relacionados

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