Procurador-geral de Angola mantém em análise processo que envolve Manuel Vicente

O processo que envolve Manuel Vicente foi transferido da justiça portuguesa para a angolana em Junho deste ano.

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MICHAEL REYNOLDS

O procurador-geral da República de Angola (PGR) disse nesta segunda-feira, em Luanda, que continua a análise ao processo que envolve o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, acusado pela justiça portuguesa de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.

O processo que envolve Manuel Vicentefoi transferido da justiça portuguesa para a angolana em Junho, depois da exigência das autoridades de Luanda para que assim se procedesse, colocando em causa as relações entre os dois países.

Esta segunda-feira, em declarações à agência Lusa, Hélder Pitta Grós reafirmou que o processo já foi recebido em Luanda e que está a decorrer a fase de análise.

"Recebemos o processo, estamos a analisá-lo para, posteriormente, podermos avançar para a fase final", disse Hélder Pitta Grós, salientando que tudo está a ser feito para que a sua conclusão aconteça "o mais rápido possível".

"Estamos a fazer todo o esforço para que o mais rápido possível haja uma decisão", acrescentou.

Questionado se o ex-vice-Presidente de Angola já tinha chegado a ser ouvido, Hélder Pitta Grós informou que não, porque o processo é extenso.

"O processo é muito extenso. Só quando terminarmos a sua análise é que vamos ver que diligências é que hão-de ser feitas. Não poderei adiantar agora que diligências são essas sem que esteja completada a análise de todo o processo", frisou.

A Lusa tentou ouvir o antigo vice-Presidente de Angola, agora deputado à Assembleia Nacional, mas este recusou-se, referindo apenas que preferia não falar sobre o assunto.

Instado a comentar o facto de o seu processo ter sido remetido pelas instâncias judiciais portuguesas para Angola, Manuel Vicente considerou apenas tratar-se de "um passo".

Angola e Portugal viram as suas relações esfriarem depois de a justiça portuguesa ter acusado o ex-vice-Presidente angolano dos crimes de corrupção activa, falsificação de documentos e branqueamento de capitais, no processo Operação Fizz.

Sobre o caso, o Presidente angolano, João Lourenço, que realiza de 22 a 24 deste mês uma visita de Estado a Portugal, disse, em Janeiro, que as relações entre os dois países iam "depender muito" da resolução do processo de Manuel Vicente e classificou a atitude da justiça portuguesa até então como "uma ofensa" para o seu país.

"Lamentavelmente [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição", enfatizou, na altura, João Lourenço.

Em Maio, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu enviar o processo para julgamento em Luanda.

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