PEV admite que experiência com Governo PS foi positiva, mas "podia ter sido melhor"

Ecologistas estão reunidos em Lisboa para a sua primeira convenção desta legislatura. Esperam-se elogios aos contributos do partido para a governação, decorrentes do acordo assinado com o PS e o Governo, mas também críticas às limitações que ainda existem por causa dos compromissos do Executivo com Bruxelas.

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LM MIGUEL MANSO

O dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) José Luís Ferreira admitiu neste sábado que "o percurso" dos últimos três anos, em que o partido apoiou o Governo minoritário do PS, "foi bom, mas podia ter sido muito melhor".

Na abertura da 14.ª Convenção do PEV, em Lisboa, José Luís Ferreira fez um extenso balanço do trabalho do partido desde a anterior convenção, em Maio de 2015, antes ainda das legislativas que resultaram numa maioria de deputados de esquerda, afastando PSD e CDS do poder.

Para o deputado e dirigente do partido, "seria até irresponsável que Os Verdes, que há muito reclamavam uma mudança de políticas, não contribuíssem para encontrar uma solução alternativa a um novo Governo do PSD e do CDS, que passaria por um Governo minoritário do PS", apoiado pelo PCP, BE e PEV, desde 2015.

"Se tivermos que resumir este percurso, creio que podemos dizer: foi positivo, está a ser positivo, mas podia ser melhor. Podia ter sido muito melhor", afirmou José Luís Ferreira, perante os delegados, cerca de 250, vindos de todo o país. Sem querer "desvalorizar o caminho prosseguido", poder-se-ia ter "ido muito mais longe", admitiu, lançando críticas ao PS. "O PS de sempre" que "se junta ao PSD na dita reforma da descentralização" ou para "fazer a revisão da legislação laboral", exemplificou.

"Desenganem-se todos aqueles que pensam que o PS mudou. Não, não foi o PS que mudou, foi a circunstância", disse José Luís Ferreira, aplaudido pelos delegados à convenção, atacando ainda "a forma obsessiva" como os socialistas olham para as "imposições externas", como o défice, ou como defendem as ajudas à banca. O dirigente do PEV culpou os socialistas porque, se não fosse esta atitude do PS, "outro galo cantaria, oh se cantaria".

Ainda assim, os resultados das legislativas de 2015 permitiram "enterrar a doutrina do arco da governação", para se perceber que o que "está em causa é a eleição de 230 deputados e não do primeiro-ministro".

José Luís Ferreira, que com Heloísa Apolónia compõe o grupo parlamentar do PEV, lembrou os compromissos assumidos pelo PS na declaração conjunta com Os Verdes, quanto "à conservação da natureza, à floresta, aos recursos hídricos, à energia, aos transportes, em especial à ferrovia, e a rejeição de qualquer privatização".

Do ponto de vista estritamente partidário, no discurso de abertura da convenção foi recordada a campanha pelo encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha. "Ficámos ontem [sexta-feira] a saber que vai mesmo encerrar, o que vem mostrar que vale a pena lutar", sublinhou, fazendo depois uma referência a uma "luta" de cada "colectivo distrital" ou regional - existe um por cada um dos 18 distritos e por cada região autónoma, Açores e Madeira.

Os delegados voltaram a bater palmas ao ser referida a recomendação, aprovada no Parlamento, para que "todo o tempo de serviço dos professores e de outros profissionais em situação idêntica fosse contabilizado integralmente para efeitos de progressão na carreira".

A 14.ª convenção nacional do PEV começou hoje, em Lisboa, e termina no domingo. Após um primeiro dia dedicado ao balanço da acção política e debate das 19 moções sectoriais pelos cerca de 250 delegados eleitos?, o domingo será dedicado à moção única de acção eco-política Acção ecologista, um compromisso de futuro, depois de encerradas as votações para os 15 elementos da Comissão Executiva, que emanam dos 55 do Conselho Nacional - órgão máximo entre convenções -, bem como da escolha para a Comissão Nacional de Fiscalização de Contas e a Comissão de Arbitragem Nacional.

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