O pinhão trafulha

A ASAE tem feito um bom trabalho a detectar falsificações. Não se poderia incumbi-la de investigar as trafulhices que se fazem com os frutos secos e com tantos outros produtos alimentares?

Estou farto de comprar pinhões marados. Garantem-me que o pinhão é português mas não tenho maneira de saber se é verdade. Não sabem a pinhões portugueses. Não sabem sequer a pinhão.

Vejo a modo cuidadoso com que classificamos as origens dos nossos vinhos e pergunto se não se podia fazer o mesmo com os nossos produtos alimentares mais cobiçados?

Poderíamos começar pelo excelente inventário de produtos tradicionais portugueses que nos oferece a Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, disponível no website deles.

Lá está, como tinha de estar, o pinhão de Alcácer do Sal. Gosto de comprá-lo lá por ser mais barato mas também por ter a certeza que vem de lá. Nota-se pelo sabor profundo a pinhal e maresia.

Um quilo pode custar cem euros e o preço convida à aldrabice. Imagine-se um vinho português que custasse cem euros e não trouxesse indicação nenhuma de origem - não se consegue.

Se eu pago dez euros por cem gramas de pinhões não tenho o direito de saber a proveniência e o nome da empresa que os embalou? Pelos vistos, não.

Passa-se o mesmo com as amêndoas - o mercado está inundado com a redonda e desagradável (mas muito barata) amêndoa da California. É deprimente comer doces regionais feitos com amêndoa americana.

A ASAE tem feito um bom trabalho a detectar falsificações. Não se poderia incumbi-la de investigar as trafulhices que se fazem com os frutos secos e com tantos outros produtos alimentares?

E o grão? E os feijões? De onde vêm? De que ano são? Parece incrível não podermos saber.

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