Paralisação do Porto de Setúbal já mandou 22 navios para trás

Os dois principais terminais da infra-estrutura portuária estão parados devido a um braço-de-ferro entre estivadores e empresa.

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LUSA/ANDRÉ AREIAS

A paralisação dos trabalhadores eventuais do Porto de Setúbal, que dura há mais de uma semana, já impediu a operação de 22 navios e estão em risco ainda mais 13 previstos para esta semana, apurou o PÚBLICO.

Esta quarta-feira, os dois principais terminais do porto – o terminal Ro-Ro e o terminal de contentores e carga geral da Sadoport – estão completamente parados, sem navios ancorados e os dois gigantes guindastes portuários ao alto.

Os terminais que estão a trabalhar são apenas dois, mais pequenos; o terminal da Tersado – que é mais indiferenciado e opera carga geral, contentores frigoríficos, gado vivo e granéis sólidos como carvão e estilha – e o terminal da Sapec, mais no interior do rio.

No terminal da Tersado estão a laborar perto de três dezenas de estivadores que, apesar de serem também eventuais, não aderiram à paralisação porque pertencem a outra empresa de trabalho portuário, a Sulset.

“Os colegas da Tersado estão solidários connosco, e só não pararam porque não foram assediados pela sua empresa”, explicou Carla Ribeiro, estivadora em protesto, ao PÚBLICO.

A paralisação é dos trabalhadores das empresas Operestiva, Sadoport e Navipor e, além de exigirem a celebração de um contrato de trabalho colectivo, negociado através do Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL), classificam de assédio a tentativa dos administradores de negociarem contratos individuais com alguns estivadores.

No outro terminal que está a funcionar, o da Sapec, na Mitrena, onde está a ser descarregado um navio de cloreto de potássio, a operação é assegurada por um único trabalhador, efectivo. O funcionário, que não aderiu à greve, assegura as funções de portaló, ou seja, na amurada do navio, orienta o operador da grua – que é funcionário da Sapec e não estivador – a chegar aos cantos do porão do navio invisíveis para quem está de fora.

Os 92 estivadores eventuais do Porto de Setúbal estão em protesto, desde segunda-feira passada, e afirmam não voltar ao trabalho enquanto não virem satisfeitas duas reivindicações; o início de negociações entre as empresas e o sindicato, para a celebração de um contrato colectivo de trabalho, e a anulação de dois contratos individuais celebrados recentemente por dois trabalhadores deste grupo de precários.

Contactada pelo PÚBLICO, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) disse apenas “esperar encontrar uma solução pacifica e rápida” para o conflito laboral.

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