YouTube Music, um rival do Spotify, chega a Portugal

O serviço da empresa do Google sugere diferentes músicas de acordo com a localização do utilizador e o momento do dia.

Foto
O novo serviço inclui músicas de covers, gravações de concertos e paródias Paulo Pimenta

O serviço de streaming de música do YouTube chegou esta quarta-feira a Portugal. O YouTube Music, que é propriedade do Google, vem concorrer com plataformas como o Spotify e o Apple Music, que também permitem ouvir, procurar e guardar música online de acordo com recomendações de algoritmos que detectam os gostos do utilizador e criam listas de canções personalizadas diariamente.

Além de álbuns e artistas de todo o mundo, o YouTube Music vem com muitos dos vídeos de música do site (incluindo covers pouco conhecidas de alguns artistas, paródias, gravações de concertos, declamações de poemas e vídeos com a letra a acompanhar) e adapta as recomendações à localização do utilizador e aos momentos do dia. Os algoritmos do serviço são capazes de sugerir músicas específicas para quando o utilizador está no ginásio, no trabalho, ou a relaxar em casa – é algo que o Spotify e o Apple Music ainda não fazem. Para que funcione, porém, os utilizadores têm de aceitar partilhar a sua localização com o YouTube.

Para a responsável pelas parcerias musicais do YouTube na Europa, Candice Morrissey, este uso de dados é uma questão de os utilizadores decidirem se querem um serviço mais personalizado ou não. “É a aplicação saber que às cinco da tarde, quando estou quase a sair do escritório, quero ouvir música relaxante, porque cheguei ao fim do dia, mas que quando entro no ginásio quero ouvir musica agitada e animada”, exemplifica. “Ou saber que quando estou em casa gosto de ver vídeos de música num ecrã grande, mas no metro só quero ouvir.”

Foto
O YouTube music sugere bandas sonoras para a concentração quando sabe que o utilizador está no trabalho

Em parte, o novo serviço da plataforma é uma resposta ao pedido dos autores de uma remuneração justa pelo conteúdo que é partilhado na Internet. Na União Europeia, desde de 2016 que se debatem novas regras de direitos de autor para responsabilizar as plataformas por conteúdo pirateado nos seus serviços. Uma proposta de directiva deverá ser votada no Parlamento Europeu no início do próximo ano.

“É importante trabalhar para encontrar algo que satisfaça tanto os criadores de conteúdo, como as plataformas”, disse Morrissey. “É um processo complexo. Com covers de música, por exemplo, depende de quem é que registou os direitos da música, se a pessoa que está a cantar tem direitos sobre a nova versão… Mas tentamos sempre ver o que está registado no Content ID para que a remuneração chegue a todos.”

O Google diz que já gastou mais de 100 milhões de euros no Content ID, uma funcionalidade de identificação de conteúdo que analisa todos os vídeos do YouTube para os comparar com uma extensa base de dados de conteúdo protegido por direitos de autor. A lista contém obras enviadas ao YouTube por estúdios de cinema, editoras de música, produtoras de televisão e outras entidades, que são notificadas quando é detectada alguma infracção.

Tal como com a versão normal do YouTube, os artistas com conteúdo na aplicação de música recebem dinheiro pelo número de vezes que faixas com anúncios são escutadas. Há também uma versão premium – em Portugal, custa 6,99 euros por mês – que não tem anúncios, permite descarregar vídeos e músicas para ouvir offline e possibilita utilizar o telemóvel com a aplicação em segundo plano. Passa a ser possível enviar mensagens ou navegar na Internet sem que a música pare. 

Tal como outros serviços de streaming, a aplicação do YouTube disponibiliza uma lista actualizada diariamente com “música ilimitada personalizada” a partir de informação implícita (como o número de vezes que um utilizador ouviu uma música num dia) e explícita (gostos em determinadas faixas) na aplicação.

Morrissey diz que a vantagem é que, com autorização, o YouTube Music também pode ir buscar informação ao resto dos serviços do Google, desde a aplicação normal do YouTube ao Google Maps. “Mas a base é a informação deixada no YouTube Music. Há quem use o YouTube para procurar vídeos engraçados, não para ouvir música. Só procuramos noutras fontes, se não existir feedback.”

Sugerir correcção
Comentar