Primeiro prémio Leon Battista Alberti para o arquitecto Carrilho da Graça

Júri da edição inaugural do prémio italiano escolheu por unanimidade o arquitecto português que é autor de vários projectos ligados à requalificação do património.

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Carrilho da Graça fotografado no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, a sua última grande obra na capital Daniel Rocha

Na sua primeira edição, o prémio de arquitectura Leon Battista Alberti distinguiu por unanimidade o arquitecto português João Luís Carrilho da Graça, foi anunciado sexta-feira. O galardão visa destacar "um arquitecto de renome internacional cuja obra seja testemunho do papel da arquitectura contemporânea na valorização e requalificação do património histórico" e a escolha foi para o autor da Praça Nova do Castelo de São Jorge (2010) ou da requalificação do Convento de Jesus, em Setúbal.

O prémio é atribuído pela Fundação Centro de Estudos Leon Battista Alberti, em nome do importante arquitecto e teórico de arte do Renascimento (Alberti viveu entre 1404 e 1472), e pelo Município de Mântua, em colaboração com o pólo da Faculdade de Arquitectura, Urbanismo, Engenharia e Construção do Politécnico de Milão, uma importante escola de arquitectura, que existe naquela cidade da Lombardia. Será entregue dia 14 no Teatro Bibiena, em Mântua, onde Carrilho da Graça irá proferir uma “lectio magistralis” sob a égide da reitoria da Escola de Arquitectura do Politécnico de Milão. A escolha da primeira edição deste prémio parece surgir na esteira de uma relação longa de apreciação crítica dos profissionais e teóricos italianos pela arquitectura portuguesa.

João Carrilho da Graça, autor de projectos como o Pavilhão do Conhecimento (1998) ou o Museu do Oriente (2008), bem como, fora de Portugal, do Teatro de Poitiers (França, 2008), foi distinguido em 2009 com o Prémio Pessoa e é autor de uma das mais recentes obras emblemáticas da renovação da frente ribeirinha da capital o Terminal de Cruzeiros de Lisboa, inaugurado em 2017.

O galardão visará distinguir anualmente arquitectos de perfil internacional e o júri será sempre constituído por representantes da Faculdade de Arquitectura, Urbanismo, Engenharia e Construção do Politécnico de Milão, da fundação dedicada ao teórico renascentista e do município de Mântua.

“Sentimos uma grande responsabilidade quanto às novas gerações e desse imperativo moral nasce esta iniciativa”, disse, citado pelo jornal local Voz de Mântua o reitor do pólo do Politécnico de Milão na cidade, Federico Bucci. A decisão unânime do júri elogia “o mestre português João Luís Carrilho da Graça pelo mérito de estabelecer um diálogo de alto valor entre o antigo e o novo” no seu trabalho, pode ler-se na página oficial do prémio.

Aos 65 anos, Carrilho da Graça tem-se dividido entre a prática de projecto e a actividade lectiva — já deu, aliás, aulas em Mântua, em 2011— na Faculdade de Arquitectura da então Universidade Técnica de Lisboa, na Universidade Autónoma e como director do Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora, recorda a Lusa. Já foi candidato finalista ao prémio europeu de arquitectura Mies van der Rohe em vários anos (está na lista inicial de nomeados de 2019 pelo projecto do Terminal de Cruzeiros de Lisboa) e recebeu por duas vezes o Prémio Valmor.

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